quarta-feira, outubro 24, 2007

Os estigmas dos políticos campistas

Prof. Vitor Augusto Longo Braz, em 23/10/2007

A nossa querida Campos dos Goytacazes é uma cidade aonde alguns de seus representantes políticos se estigmatizaram, de uma forma ou de outra, em sua passagem pelo poder. Segundo o dicionário da Língua Portuguesa, de autoria de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, estigma é sinônimo de cicatriz, sinal e, estigmatizar é marcar com estigma, censurar, condenar.Pois bem, vamos a um breve passeio pela história política de Campos, começando por um passado, um tanto, quanto recente. Porém, é de bom alvitre que se diga que esses estigmas que serão colocados na conta dos políticos citados não é uma opinião pessoal deste blogueiro, mas uma constatação observada nas rodas de conversas políticas de um grande número de pessoas habitantes da cidade, principalmente os que acompanham a política local e nacional de forma mais atenta, ou seja, é o senso comum que dita os estigmas dos políticos que serão citados a seguir.

O ex-vice-prefeito de Campos, Lourival Martins Beda, teve o estigma de ser “O Médico dos Homens e das Almas”, pela sua benemerência no trato com a medicina e com os menos favorecidos sócio-economicamente.

O falecido deputado federal Alair Ferreira, tem o estigma de ser “O Realizador”, pelas importantes obras que trouxe para a sua cidade, podendo citar: a construção do dique do Rio Paraíba do Sul, a construção de uma ponte, e outras tantas obras.

O político Sebastião Campista, várias vezes candidato a cargos eletivos, porém sem sucesso nas urnas, ficou estigmatizado como o “Chicote do Povo”, por ser um advogado e radialista que defendia os interesses dos mais humildes nos tribunais.

O ex- prefeito, José Carlos Vieira Barbosa, o Zezé Barbosa, ficou estigmatizado pelo senso comum, como o “Prefeito das Pracinhas Públicas e dos meios fios pintados a cal”. Nada depreciativo, porém é um estigma que sugere a falta de ações mais concretas, no que diz respeito ao desenvolvimento e a realizações.

O ex–prefeito e ex–governador, Anthony Garotinho, se auto-estigmatizou como sendo um “Político Pobre, que só tem uma casa na Lapa”, assim mesmo, fruto de uma herança de família. É bem provável que ao se auto-estigmatizar dessa forma, ele buscou um gancho de marketing pessoal e político, que se diga de passagem, ele reforça até os momentos atuais, embora tenha ocupado cargos políticos executivos da mais alta importância no contexto de um campista.

O ex-prefeito Sérgio Mendes, por um bom tempo, ou melhor, até romper com seu criador o ex-governador Anthony Garotinho, teve o estigma de ser o “Boneco de Garotinho”. Esse estigma, talvez, se deva ao fato do ex- prefeito Sérgio Mendes ter sido eleito com o apoio político de Garotinho, sob o lema de “Sérgio Mendes é Garotinho de Novo”, e, durante um bom tempo ter governado Campos sob a orientação de seu criador.

O ex-vereador e ex-deputado estadual, pré-candidato a prefeito pelo PCB no próximo pleito, Paulo César Martins, teve seu estigma criado na sua luta pela emancipação de Guarús, ou seja é conhecido como o político que tenta separar a margem direita do Rio Paraíba do Sul da margem esquerda, dividindo Campos ao meio.O

O deputado estadual João Peixoto ficou estigmatizado por ser o defensor dos taxistas, uma vez que, esta era a sua labuta profissional chegando, inclusive, a ser presidente do sindicato de sua classe profissional.

O ex-vereador, ex- deputado federal e prefeito de Campos por um curtíssimo período, Carlos Alberto Campista, tem o estigma de ser o “Advogado dos Aposentados”.

O Deputado Federal e ex-prefeito, Arnaldo Vianna, segundo os mais entendidos em política de nossa cidade, é sem dúvidas, o político mais popular de Campos no momento atual. Seu estigma é de ser um político “Bondoso”, de um “Coração Grande”, não obstante, as graves denúncias que pesam contra ele e que tramitam nas esferas judiciais.

O ex-deputado Paulo Feijó, logo no início de sua carreira política, foi difamado por adversários políticos como tendo subtraído trilhos da extinta Rede Ferroviária Federal, onde exercia o cargo de engenheiro. O fato é que esse estigma acompanha o ex-deputado até aos dias atuais, mesmo com todo seu esforço em reverter à situação. Não é raro ouvir piadas sobre Paulo Feijó e os trilhos. Enquanto deputado federal, novamente seus adversários políticos o estigmatizaram como tendo sido um dos deputados federais que votaram contra os trabalhadores. A bem da verdade, os que acompanham a política mais de perto sabe que tal fato verdadeiramente não aconteceu, mas o calar do ex-deputado, diante das acusações inverídicas, fez com este rótulo lhe acompanhasse até hoje. Recentemente teve seu nome envolvido com a máfia das ambulâncias, ou escândalo das sanguessugas, o que o levou a se desfiliar do seu partido para evitar enfrentar o Conselho de Ética e uma provável expulsão do PSDB. Dessa forma, não há como negar esse seu novo estigma, o de “Sanguessuga”.

Rockfeller Felisberto de Lima, ex-vice-prefeito eleito pelo voto direto, ex-prefeito, ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-senador suplente da república, ex-secretário de estado e, atualmente Secretário Municipal de Comércio, Indústria, Turismo e Tecnologia, tem o estigma de “Um homem Público de Mãos Limpas” e que quando foi prefeito de Campos, por um curto período e, diga-se de passagem com parcos recursos para administrar uma cidade do porte de Campos, deixou obras importantes, eternizadas com o passar tempo, podendo citar: A APOE, o Colégio Municipal 29 de Maio, o Palácio da Cultura, os Sandús e tantas outras obras de grande relevância.

Para que este artigo não se torne enfadonho vou parar por aqui. Porém, mais uma vez, reforço que estes rótulos que marcaram a carreira dos políticos citados neste texto, não se constitui em pensamento ou opinião própria deste blogueiro, mas do senso comum, influenciado maciçamente pelas mídias locais e de âmbito nacional.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Rumo errado

Vitor Augusto Longo Braz*

O atletismo, esporte milenar e diversificado que agrega várias modalidades, podendo citar: corridas, saltos, arremessos e lançamentos. O atletismo é considerado o esporte “mãe”. Do atletismo, surgiram quase que a totalidade dos demais esportes, segundo historiadores. Segundo eles - os historiadores, as primeiras provas de competição registradas na história eram compostas de algumas das diversas modalidades do atletismo.

Na história das olimpíadas o atletismo configura-se como a grande atração, a grande expectativa, a estrela do evento. As esperanças em torno das auto-superações e quebra de recordes nas diversas modalidades dos esportes que compõe o atletismo são as que mais chama a atenção de todo o mundo.

O Brasil, em termos desportivos, começou a ganhar destaque e reconhecimento internacional, não só pelo futebol, mas também através de marcas alcançadas por atletas do atletismo. Vale lembrar: Ademar Ferreira, Joaquim Cruz, João do “Pulo”, entre outros tantos.

O atletismo, no tocante às corridas, principalmente, basta observar, é o esporte que mais atrai adeptos desfavorecidos sócio-economicamente. As nações africanas são as que mais se destacam em corridas de rua. A Nigéria, o Quênia e outros países africanos que são economicamente considerados miseráveis são os que mais ganham corridas de rua no mundo todo. No Brasil os corredores de rua são, da mesma forma, em sua grande maioria, desfavorecidos sociais e economicamente. Muitos não têm dinheiro para comprar um tênis apropriado. Lembram da nossa atleta, cortadora de cana, que ganhou a Corrida de “São Silvestre”, uma das mais importantes do mundo, descalça.

Em Campos essa realidade não é diferente. Os atletas de corrida de rua sofrem com o descaso e a falta de apoio do poder público, especificamente do gestor da pasta que tem a incumbência de incentivar e desenvolver esse esporte. Há pouco tempo atletas de ponta de Campos fizeram apelos e denúncias em um jornal local quanto à falta de apoio dado a eles, que elevam o nome de nossa cidade país afora e, de sobra, aproveitam para se aprimorarem. Coitados! A alegação sempre é a falta de verbas. Quando, quase sempre, se impõe aos solicitantes “mil” exigências para liberarem uma merreca: tem que ter associação, sindicado federação, etc. Mas, dinheiro para um comprar carro 0 Km, que segundo se noticiou em um jornal local, ao preço de R$ 38.000,00 (trinta e oito mil reais), para servir ao bem estar dos dirigentes, a verba aparece como num passe de mágica.

Como promotor de quase uma centena de competições de corrida de rua em Campos, São João da Barra e Macaé, considero-me com legitimidade para falar desse descaso. Afinal, dessas quase cem corridas de rua que promovi, tive muito pouco ou quase nenhum apoio da municipalidade. Felizmente, empresas de porte como o Banco Itaú e a Unimed tiveram a sensibilidade que a municipalidade não têm.

Aliás, faço uma simples pergunta aos dirigentes da FME: Onde em Campos se pratica salto em distância, salto em altura, arremesso de peso, salto com vara, arremesso de disco e outras modalidades do atletismo. Ah! Esqueci, não temos sequer uma pista de corrida e local para a prática do atletismo. Que vergonha eu sinto da minha cidade, tão rica e ao mesmo tempo tão atrasada no esporte.

Bem que os dirigentes do esporte em Campos poderiam assistir a Corrida Rústica de Macuco, cidade da Região Serrana de pequeno porte e arrecadação infinitamente inferior a nossa cidade. Lá acontece uma corrida a nível nacional com total apoio da municipalidade. Participam aproximadamente 1.000 (mil) atletas de todos os lugares do País, que promovem o Turismo e o Esporte, levando a reboque o desenvolvimento econômico. Ou então, poderiam visitar Nova Friburgo, que é considerado um Centro de Excelência em atletismo, principalmente Corrida de Rua.

Não estou acompanhando os Jogos Estudantis de Campos, ouço apenas, de forma massiva, das críticas quanto à organização, mas não tenho condições de afirmar isso, pois não estou acompanhando este evento. Gostaria apenas de saber se durante os Jogos Estudantis de Campos, acontecerá competições de saltos, arremessos e as diversas modalidades de corrida que compõe o atletismo e, por último aonde irão acontecer. Se for na pista do 56º Batalhão de Infantaria, que os organizadores tomem cuidados especiais para não lesionarem os competidores, pois a pista não é das melhores, para ser otimista.

Lembro-me da minha época de estudante secundarista. Existia todas essas modalidades do atletismo nos colégios. Posso citar: Liceu de Humanidades de Campos, Escola Técnica Federal de Campos, Centro Educacional N.S. Auxiliadora, Colégio São Salvador, etc. Acho que é viável à volta dessas diversas modalidades do atletismo que citei acima. Basta ter visão desportiva, ou buscar acessória competente, e o que é também fundamental, ter humildade para agregar profissionais que tem competência e história no esporte de Campos.

Fico imaginando se os dirigentes pensam em gerir o esporte como inclusão social, como poderosa ferramenta da educação e com oportunidades para todos. Penso que estão no RUMO ERRADO.

Prof. Vitor Augusto Longo Braz
Jornalista, Profissional de Educação Física, ex - Presidente da Associação dos Profissionais de Educação Física de Campos (1996 a 2000), ex-membro do 1º Conselho Regional de Educação Física instalado no Brasil, Mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ, Premiado em 01/09/03 com Discóbolo de bronze pelo ex- Presidente da República Fernando Henrique Cardoso pelos relevantes serviços prestados a Educação Física no Estado do Rio de Janeiro.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Conversas do Boulevard

Adoro passar minhas horas livres pelo calçadão de Campos, ali pelo começo da Rua Sete de Setembro e Boulevard Francisco de Paula Carneiro, local que os mais antigos intitularam a “Rua do Homem em Pé”. Talvez tenha adquirido este hábito com meu pai, que entre um cafezinho e outro, encontrava com suas amizades e passavam momentos de prosa sobre diversos assuntos, quase sempre relacionados ao nosso município.

Nos dias atuais, mesmo com o avanço das novas tecnologias de comunicação e informação do mundo “glocal”, ou, talvez, em conseqüência disto, as afinidades humanas ficaram, cada vez mais, frias. A reorganização do tecido social do mundo contemporâneo, o corre-corre em busca de oportunidades e da própria sobrevivência, aliada a alta competitividade que caracteriza o mundo moderno e outros tantos fatores, levaram aos seres humanos a uma mudança de comportamento no que diz respeito às relações interpessoais.

Num passado, não tão distante, era comum e, ao meu ver, altamente profícuo, dedicarmos aos amigos e companheiros uma atenção afetuosa, e carinhosa. Conversar sobre assuntos como trabalho, família, política e outros diversos assuntos, faz com que o mundo se torne mais humanizado e as relações de amizade sejam fortalecidas.

Como tenho tido tempo, por conta de uma licença médica para um tratamento de saúde, tenho estado com certa constância pelo “calçadão” do centro de Campos. Lá, tenho reencontrado velhas amizades, que passam circulando, apressadamente, diga-se de passagem, porém nunca perco a oportunidade de conversar por alguns poucos minutos e dar um abraço carinhoso no amigo, o que mata por determinado tempo à saudade que sinto deles e que o mundo moderno impôs a sociedade contemporânea.

Nestes últimos tempos, especificamente nestes dois últimos meses, as conversas no “calçadão” não tem sido outra do que política. De certa forma, o pleito municipal do ano que vem já tomou conta do senso comum. E, dentro desse espectro, os diálogos giram em torno das estratégias políticas adotadas pelo ex - governador Antony Garotinho, tendo em vista a sucessão municipal.
E, apesar de se ouvir que Anthony Garotinho está em baixa eleitoralmente, é de se ressaltar que, quase que unanimemente, todos concordam que não se pode subestimá-lo politicamente, devido ao seu carisma, ao seu alto poder de comunicação e persuasão, a sua inteligência e, principalmente, a sua capacidade de armar estratégias no conceito político.

Garotinho tem usado com muita freqüência, assíduos ataques aos dois maiores “cabos eleitorais” de Campos, quais sejam o Deputado Federal Arnaldo Vianna e o Prefeito Alexandre Mocaiber (esse principalmente por deter o poder da “caneta”), que chegam as raias da insistência, para não dizer perseguição. Tem usado diariamente os meios de comunicação a que tem acesso para, além de atacar, promover um jornalismo investigativo, a cerca de possíveis irregularidades que aconteceram e/ou estão acontecendo na administração pública municipal.

Ele está tendo acesso e divulgando informações dificíeis de se conseguir e, aos olhos de uma grande parte da população, calamitosas sobre as duas personalidades citadas acima. Mas, não entro neste mérito. Só a justiça pode se pronunciar quanto a denuncias que estão sendo feitas por ele e pelos meios de comunicação a que tem acesso.

Mas, voltando ao assunto de sua determinação, sua sabedoria e sua qualidade de estrategista político, só para clarear a mente dos meus poucos leitores, há algumas semanas atrás as manchetes nos principais meios de comunicação, não só de Campos, mas de todo Brasil, davam conta da negociação envolvendo o PMDB fluminense, o qual é o presidente estadual, com o DEM, do Prefeito do Rio de Janeiro César Maia, (até bem pouco tempo seu arquiinimigo político). As matérias noticiaram um acordo político entre o PMDB e o DEM, tendo em vistas as eleições municipais de 2008.

Agora, mais uma “bomba” está para explodir em Campos. O que se tem dito e ouvido pelos freqüentadores anônimos do “calçadão” - que poderia até ser intitulado a “boca maldita” de Campos, é que Garotinho, com o aval de Fernando Henrique Cardoso, vai intervir no PSDB fluminense, aumentando o número de partidos que se alinharão com o PMDB fluminense, para as eleições municipais de 2008. E o candidato a prefeito da coligação partidária que está articulando, seria o atual Vice-Prefeito, Roberto Henriques. Será?

Com toda essa movimentação política que tem acometido Campos nos últimos dias, o senso comum, observado nas conversas e comentários pela “boca maldita” do centro, é de se concordar que não se pode, em momento algum, subestimar a sabedoria, inteligência e a estratégia política do ex-governador, Anthony Garotinho. Parece que ele respira política 24 horas por dia.

Prof. Vitor Augusto Longo Braz
Jornalista, profissional de Educação, mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ Física, presidente da Associação dos Profissionais de Educação Física de Campos (1996 a 2000), membro do 1º Conselho Regional de Educação Física instalado no Brasil, premiado em 01/09/03 com Discóbolo de bronze pelo Presidente da República Fernando Henrique Cardoso pelos relevantes serviços prestados a Educação Física no Estado do Rio de Janeiro.

sexta-feira, setembro 21, 2007

Resposta a artigo sobre Transporte Público em Campos

No dia 11 de maio, este blogueiro, publicou no jornal Folha da Manhã de Campos o artigo “Emut – hora de abrir caminhos” que você pode reler clicando aqui. Como consequência dele recebeu um e-mail do senhor Sérgio Belém de Morais, diretor da Viação Tamandaré Ltda. cujo texto este blog acaba de transcrever abaixo:

11/05/2007

Sr. Roberto,

"Em sua matéria da Folha da Manhã de hoje, pude sentir um misto de alívio e contrariedade.
Alívio, quanto ao que foi dito sobre a má alocação do “presidente” da EMUT e sobre o “diretor” deste órgão; é a mais pura verdade e o que vem contribuindo substancialmente para a situação em que se encontra o transporte coletivo e o trânsito neste município.

Contrariedade, quando foi dito que o transporte coletivo não é eficiente e que deveria ser municipalizado temporariamente e depois devolvido às empresas.

Ora, se esta cidade se mostra acéfala em tantos setores, sem conseguir uma gestão eficiente em nenhuma área, como atribuir mais este encargo? Acredito que a idéia de “tomar” o negócio de quem não tem culpa é uma arbitrariedade de fundo ditatorial. Mesmo porque, não se trata de incompetência dos donos, que vivem neste ramo a gerações. No caso da Viação Tamandaré, vale ressaltar que pertence a um grupo que atua neste ramo com empresas na Bahia, Grande Rio, São Paulo e Minas Gerais, com uma frota total de 900 ônibus e 2500 empregos diretos. Portanto, não acredito que sejamos incompetentes.

Necessário é esclarecer, se o senhor tem conhecimento dos problemas que assolam o transporte regular nesta cidade.

As rádios ilegais existem, em diversos bairros, pelo motivo do “mau serviço” prestado pelas legalizadas?

O jogo do bicho, os bingos ilegais, caça níqueis, existem porque as loterias são ineficazes?

A invasão de camelôs e barraquinhas de alimentos por toda a cidade, deve-se ao fato do comércio regularizado não atender bem a população?

Obviamente que alguns “espertos” descobrem filões por onde ganhar dinheiro fácil, às margens da lei e não importando a quem prejudiquem, aproveitando a desestruturação e o consentimento politiqueiro do poder concedente.

Dizer que o transporte clandestino invadiu as linhas, pelo motivo das empresas regulares prestarem um mal serviço, também é uma inverdade.

É sabido que, quem utiliza o transporte clandestino, tem parentes que utilizam gratuitamente o transporte regular, seja estudante, idoso, deficiente físico ou, o que é comum encontrarmos, passes “provisórios”, fornecidos a vontade, pela EMUT.

Nenhuma empresa de transporte coletivo gostaria de deixar a desejar no tratamento aos usuários, que diretamente financiam o nosso negócio, mesmo porque seria idiotice.

O objetivo da VIAÇÃO TAMANDARÉ LTDA, é dar um tratamento de qualidade aos usuários, valendo ressaltar que nossos funcionários constantemente fazem cursos de direção defensiva, relações humanas, etc, sendo orientados de que os usuários estão em 1º lugar.

Trabalhamos com uma das tarifas mais defasadas do país, segundo revistas especializadas, sendo que os insumos básicos que compõem nossos custos não deixam de ser reajustados periodicamente. Estamos na “terra do petróleo” e pagamos mais caro pelo diesel do que em muitas cidades do interior do país.

Nos últimos anos, tivemos uma queda enorme de usuários pagantes, pelo motivo da invasão do transporte clandestino e o aumento das gratuidades. Atualmente transportamos cerca de dez mil passageiros a menos por dia, tendo que manter a frota cumprindo os mesmos horários de sempre, salvo algumas exceções.

A título de exemplos, vejamos:
● na Linha Eldorado/Centro, a empresa atende com veículos a cada 10 minutos e 08 minutos no horário de “pico”; atualmente existem mais de 50 veículos clandestinos.
● Na linha Ururaí/Centro, atendemos com veículos a cada 12 minutos e 10 minutos no horário de “pico”; atualmente existe mais de 30 veículos clandestinos.
● Na linha Guarus/Centro, atendemos com veículos a cada 10 minutos; atualmente existe mais de 20 veiculos clandestinos.
● Na linha de Goytacazes, atendemos com veículos a cada 07 minutos; atualmente existe mais de 60 veículos clandestinos.
● Na linha Centro/Pecuária, atendemos com veículos a cada 09 minutos; atualmente existe cerca de 18 veículos clandestinos.
● Na linha Penha, atendemos com veículos a cada 09 minutos; atualmente existem 20 veículos clandestinos.
● A linha do Jardim Carioca/Centro, estava sendo atendida por 04 veículos, com intervalos de 15 minutos, mesmo assim, houve a invasão de mais de 40 veículos clandestinos, e a empresa foi obrigada a retirar três dos seus veículos para diminuir os prejuizos.
● A linha Rodoviária/Lagoa de Cima/Imbé, transporta por dia 400 passageiros de gratuidade e 80 pagantes, em um total de 450 quilômetros/dia, e muitos moradores destas localidades colocam mercadorias e caixas com peixes nos ônibus, além dos seus filhos que são estudantes e viajam gratuitamente, enquanto os mesmos viajam nos carros clandestinos para a cidade.

Nossos horários são rigorosamente controlados pelos despachantes, mas sofrem interferências constantes pela falta de fluidez do sistema viário do município, como retenções nas poucas vias de acesso, por exemplo, a Av. 28 de Março, Av. Visconde do Rio Branco (Beira Valão), Av. Rui Barbosa e BR 101 em Guarus. Independente dos problemas com as pontes, este sempre foi um martírio para quem utiliza estes caminhos em horários de tráfego intenso.

A eficácia do transporte coletivo, no tangente a liberação do fluxo viário, pode ser dimensionada por um cálculo simples; um ônibus transporta um número de passageiros equivalente ao que sete kombis ou vinte carros de passeio transportam.

“O aumento significativo do número de veículos licenciados na cidade e o uso do gás em veículos com maior tempo de uso, que antes só circulavam nos finais de semana...”; não se deve a “péssima oferta de transporte público coletivo”.

Enquanto as empresa regulares sofrem com o rigor da fiscalização e os altos tributos, os clandestinos “entopem” as ruas com VANS, KOMBIS E CARROS DE PASSEIO, sem qualquer exigências, seja segurança do veículo, treinamento dos condutores ou qualquer outro item normal, para garantia e segurança do usuário. Além de trafegarem com veículos sem pagamento de licenciamento, seguro nem multas, sem qualquer documento, ou veículos com mandado de busca e apreensão e até roubados e clonados.


Se existisse um depósito público para apreensão de veículos irregulares, com certeza as ruas estariam mais livres, mas as autoridades têm se esquivado desta atribuição, sob várias alegações absurdas. Pese ainda, que já oferecemos até local e estrutura para isto, sob forma de doação.

A PMCG não paga a verba que foi votada desde 2003 e aprovada na CÂMARA DE VEREADORES, para ajudar as empresas a custearem a gratuidade dos alunos da rede PÚBLICA.

As empresas, transportam mais de 55% de seus passageiros gratuitamente por dia, sem nenhum subsidio para compensação.

Diante desta situação, as empresas são obrigadas a demitir funcionários, atrasar o pagamento de compromissos e fica sem ter condições de fazer a renovação de frota.

Mesmo com as condições adversas, a VIAÇÃO TAMANDARÉ LTDA, se esforça ao máximo para atender bem a nossa querida população, valendo, portanto, os esclarecimentos acima, a fim de que se possa fazer jornalismo com clareza e conhecimento de causa".

Cordialmente,

Viação Tamandaré Ltda
Sérgio Belém de Morais
Diretor

quinta-feira, setembro 06, 2007

A paranóia do celular!

Prof. Vitor Augusto Longo Braz
Jornalista e profissional de Educação Física.


O mundo contemporâneo assistiu nas últimas décadas ao avanço extraordinário das tecnologias, mais precisamente da microeletrônica, campo que criou os mais sofisticados aparelhos. Diante desta nova realidade, a área de comunicação ampliou suas possibilidades, através da mídia eletrônica que, com seu poder de penetração, tem não somente influenciado mentalidades, como também formado novos valores e relações sociais.

O setor de comunicação, ao incorporar as novas tecnologias, mais especificamente há cerca de três décadas, tornou-se um setor que revolucionou, em todo o planeta, praticamente todas as áreas de atividades, envolvendo economia, política, cultura, a própria organização do tecido social e das relações, além de uma mudança radical de como utilizamos o principal recurso não-renovável, o curto tempo da nossa vida.

“A comunicação não se resume mais no conjunto de instrumentos técnicos que ajudam a conectividade dos seres humanos, ou numa disciplina para especialistas da área. Tornou-se um gigantesco aglomerado onde telefonia (voz), televisão (imagem) e informática (informação) se articulam para formar o que Denis de Moraes chama de infotelecomunicação, presente na lição de casa das nossas crianças, nas escolhas dos produtos do supermercado, nas nossas horas de lazer, na forma de organizarmos o nosso trabalho, no conhecimento que o Estado e empresas tem das nossas atividades, na maneira e no horário de um bombardeio de uma guerra, além da forma como as próprias bombas são guiadas. De certa forma, não podemos evitar ver o óbvio: este conjunto de atividades se agigantou de maneira fenomenal, adquirindo papel absolutamente central nas atividades humanas em modo geral. O que está mudando não é a comunicação, é a sociedade. E a comunicação desempenha um papel-chave nessa transformação. Não é apenas uma área, ou um setor de atividades: [e uma dimensão de todos setores, um vetor intensamente ramificado de transformação social.” (DOWBOR, 2000, p. 7)
[1]

Talvez em nenhuma outra época de nossa história o setor de comunicação tivesse tanta importância para a humanidade como no mundo atual. As profundas e abrangentes mudanças nos mais diversos ângulos do tecido social têm suscitado em um grande número de teóricos da atualidade, concernentes ou não à área de comunicação, denominação para contemplar o contemporâneo: a “Era das Comunicações”.

No que diz respeito às denominações dentro desta conexão da comunicação com a sociedade contemporânea, conforme comenta Antonio RUBIM, (2000, p. 79) em breve revisão acerca desse tempo comunicacional, marcado pelas tecnologias, as expressões múltiplas traduzem as novas realidades: “‘aldeia global’ (Mc Luhan), ‘era da informação’ ou ‘sociedade em rede’ (Manoel Castells), ‘sociedade informática’ (Adam Scahaff), ‘sociedade da informação’ (David Lyon, Krishan Kumar, dentre outros), ‘sociedade conquistada pela comunicação’ (Bernad Miégi), ‘sociedade da comunicação’ ou ‘sociedade dos mass média’ (Gianni Vattimo), ‘sociedade da informação ou da comunicação’ (Ismar de Oliveira Soares), ‘sociedade média-centric’ (Venício Artur de Lima), ‘capitalismo de informação’ (F. Jamesson), ‘planeta mídia’(Denis de Moraes). Todas essas denominações,entre muitas outras possíveis, têm sido insistentemente evocadas para dizer o contemporâneo.” .

Com o advento das novas tecnologias da comunicação e informação, nossa sociedade vive, hoje, num mundo sem o pleno sentido de nação, pois a referência geográfica já não tem grande valor. O que se observa é um mundo desterritoralizado, global, pluralizado culturalmente e com identidades fragmentadas. Vivemos, como muitos teóricos da comunicação intitulam, numa “aldeia global”, onde estamos ou podemos estar, em qualquer parte do universo, num só momento, a partir de um mesmo local. É o que se chama “Cyberespaço”, numa linguagem cibernética que faz referência ao espaço simbólico criado pela Internet e ao princípio da ubiqüidade.

Thompson
[2] (2002, p. 77), ao se referir às novas formas de interação criadas pelo desenvolvimento dos meios de comunicação, ressalta:

“O desenvolvimento dos meios de comunicação não somente criou novas formas de interação, mas também fez surgir novos tipos de ação que tem características e conseqüências bem distintas. A característica mais geral destes novos tipos de ação é que eles são responsivos e orientados a ações ou pessoas que se situam em contextos espaciais (e talvez também temporais) remotos. Em outras palavras, o desenvolvimento dos meios de comunicação fez surgir novos tipos de ‘ação à distância` que se tornaram cada vez mais comum no mundo moderno. Enquanto nas mais antigas sociedades as ações e suas conseqüências eram geralmente restritas aos contextos de interação face a face e as suas circunvizinhanças, hoje é comum ver os indivíduos orientarem suas ações para outros que não compartilham o mesmo ambiente espaço-temporal, e com conseqüências que ultrapassam de muito os limites de seus contextos e localizações.”

Essas transformações decorrentes das tecnologias de última geração acabaram por alterar o estatuto da ética, de forma jamais vista ao longo da história, pois se antes a ética era a representação moral da espécie, algo visto como uma dádiva divina presente na condição ontológica “ser humano”, hoje, a tecnologia aponta para mil e uma possibilidades que alteram tal visão.

Nesse contexto atual, no qual a tecnologia tem papel preponderante, a invasão da privacidade alheia, tem sido como uma aquisição positiva, sobretudo sob o ponto de vista político-policial, os limites são derrubados e o sujeito é tomado por um poder e uma sensação de controle sobre o seu mundo, até bem pouco tempo inimaginável. Há um sentimento de que tudo é possível diante de tecnologias que prometem o controle de todos os atos e desejos dos indivíduos.

Assim, mesmo que não se possa retirar o aspecto positivo dos avanços no campo da tecnociência, principalmente no que se refere, aos cuidados com o seu uso, hoje bem maiores em razão do aprimoramento dos equipamentos que permitem inclusive, visualizar o interior do cérebro e de outros órgãos, promover uma medicina preventiva e/ou predicativa, está ao alcance de todos.

A tecnologia é um dos fatores de subjetivação contemporânea, porque penetra na vida dos sujeitos sociais como algo naturalizado, visto que os novos cenários a consideram como parte da vida humana. Ninguém se imagina mais, no mundo ocidental, sem um aparelho de televisão, sem um aparelho de CD, sem um telefone. Essas ferramentas tecnológicas já fazem parte da vida dos homens, banalizadas pelo uso e, cada vez mais exigindo inovações, pois o mercado competitivo e as características do espaço-tempo pós-moderno, acabam por tornar o novo de hoje, no obsoleto de amanhã.

Com base em uma visão crítico-reflexiva dos poderes adquiridos pelos homens diante da presença maquínica em suas vidas, o que se percebe é a presença de um individualismo novo, espécie de cuidado contemporâneo, que alimenta socialmente os sujeitos, conferindo-lhes a auto-segurança necessária para a aceitação nos grupos em que circulam. Essa espécie de autocuidado muitas vezes ocorre de forma inconsciente, no processo pulsional de vida e morte, na dialética entre o “eu” e os “outros”, o “particular” e o “geral”.

Assim é importante, compreender que o poder de controle sobre o indivíduo, é um aspecto cultivado pelas mídias, que por meio de tecnologias sofisticadas, de certa forma, traduzem o drama, ou as tramas, do ser humano, principalmente no que diz respeito a sua ética e valores interiores.

Hoje, a tecnologia dita o tempo humano através de diferentes registros e o homem depende cada vez mais das ferramentas tecnológicas para garantir o espaço-tempo do movimento do mundo globalizado. O “glocal”, conceito cada vez mais presente nas mídias, coloca o homem de determinado lugar em todos os lugares, uma vez que pelas redes comunicacionais, ele é visto, ouvido e inserido virtualmente em qualquer parte do mundo.

Faço esse longo preâmbulo, embasado em autores teóricos, que tive a oportunidade de ler e estudar, durante o mestrado que conclui em Comunicação e Cultura, pela UFRJ, para chegar finalmente ao assunto, que tem como título esse artigo: “A paranóia do celular”.

Nessa esteira de avanços tecnológicos, órgãos públicos de controle, fiscalização e investigação policial, tem-se utilizado com enorme freqüência da tecnociência para desvendar falcatruas políticas e desvendar crimes diversos. Falar ao celular, hoje, tornou-se, para muitos, uma desconfiança da invasão de sua privacidade, a ponto de deixar paranóicos muitos administradores e gestores da coisa pública. Grampos telefônicos é o que mais se assiste nos telejornais, como instrumento policial e político, no combate a criminalidade e corrupção existente, tanto nos guetos marginalizados, quanto nas repartições públicas diversas, de âmbito federal, estadual e municipal.

Há poucos dias, tive uma ingrata tristeza, ao ligar para um gestor público para falar de um assunto pertinente a sua pasta, na verdade apresentar sugestão e idéias, e o que ouvi desse gestor foi uma grosseria, demandada pelo seu pavor, medo, desconfiança, sei lá o que. O meu interlocutor encurtou de imediato a conversa, alegando que não poderia tratar daquele assunto via celular. Fiquei chateado, pois ao meu ver a tecnologia, no caso o telefone celular, foi criado para facilitar a vida e encurtar o tempo, tão escasso nos dias atuais. Deu a entender que havia um medo, uma paranóia, do referido gestor púbico, quanto a uma possível escuta telefônica.

Minha indignação foi grande, pois o assunto da conversa, que diga-se de passagem, não aconteceu, era de seu interesse e não havia nada de indecoroso no seu contexto, apenas uma idéia e sugestão que queria apresentar a esse gestor público municipal, com objetivo de auxiliá-lo em sua tarefa.

Agindo dessa maneira com as pessoas que lhe ligam, esse gestor público, deixa a imprensão, para os que não o conhecem, de que ele está “devendo” algo, ou até agindo “indecorosamente”, de alguma forma, no trato da coisa pública. Pois, como diz o tão famoso, quanto antigo, ditado popular: “Quem não deve não teme”. Como lhe conheço, sei que sua atitude foi, apenas, de adubado cuidado, com conversas ao celular. No entanto, sua atitude foi grosseira e confesso que fiquei chateado.

Falando por mim, continuarei usando meu celular, sem medo, pois apesar de não ocupar cargo executivo em nenhuma esfera de poder, não compactuo de ações que não condizem com a ética e a moral, preceitos, que devem ser básicos de todo ser humano, principalmente àqueles que lidam com a coisa pública.

Do meu celular podem fazer quaisquer escutas, gravar quaisquer conversas, pois como disse anteriormente: QUEM NÃO DEVE NÃO TEME”!


[1] DOWBOR, Ladislau et all. Desafios da Comunicação. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 7.
[2] THOMPSON, John B. A Mídia e a Modernidade - Uma Teoria Social da Mídia. 4ª ed., 2002, p. 77.

domingo, agosto 26, 2007

A vergonha que passei por ser campista

Prof. Vitor Augusto Longo Braz* em 06/08/06

Por ocasião da última Festa de São Salvador, padroeiro de Campos dos Goytacazes, ou seja, a festa popular máxima da nossa cidade, comemorada tradicionalmente no dia seis de agosto (este ano caiu num sábado), e que atrai os milhares de habitantes dos quatros cantos do município, tive a oportunidade de através da imprensa, ficar ciente de sua programação, que incluía, entre tantos eventos, uma parte reservada para o esporte.

Professor de Educação Física e, acima de tudo, desportista, interessei-me pela programação esportiva anunciada, que incluía remo, prova ciclística, corrida rústica e outros esportes. Como organizador de corridas rústicas, tendo organizado quase uma centena desse evento em Campos e cidades vizinhas, fui assistir ao evento de corrida de rua.

Ao chegar ao local, um pouco antes do horário previsto para o início, logo fui cercado por um grupo de corredores de São João da Barra, atletas que tradicionalmente participam deste tipo de evento em nossa cidade. No entanto, pela má divulgação da corrida, só souberam na véspera da realização da mesma. Após grande esforço em conseguir condução e apoio financeiro para participar da “Corrida de São Salvador”, esses abnegados atletas se deslocaram bem cedo da cidade vizinha para participarem da prova. Entretanto, de forma arbitrária e deselegante, foram sumariamente impedidos de participarem da corrida pelo organizador da prova, até mesmo de forma não oficial (sem concorrer à premiação e colocação), e o que é mais lamentável: não foram aceitos nem mesmo os suprimentos alimentares que serviam de inscrição para a prova e que os mesmos tinham levado.

Pela intimidade que tenho com os atletas da cidade vizinha, e a pedido deles, tentei intermedir um acordo para que os mesmos pudessem participar da corrida. Foi em vão. Nem o organizador, nem o Presidente da Fundação Municipal de Esportes, entidade promotora do evento, nem o sub gerente de esportes do município, aceitaram as inscrições dos atletas que viajaram com sacrifícios, principalmente financeiros, para abrilhantar um evento realizado pela nossa prefeitura. Ato que nenhuma razão justifica, muito menos quando o número de participantes era muito pequeno, aproximadamente 30 corredores, e que, frise-se por importância, tinha uma premiação em dinheiro para os vencedores das várias categorias, de grande atratividade.

Por amor ao esporte e carinho pelos participantes (quase todos conhecidos meus), ofereci-me ao organizador para ajudar no que fosse preciso. Como estava de moto, o organizador pediu-me que servisse de batedor (controlador do trânsito e elemento de segurança). Atendi, porém estranhei a solicitação, uma vez que, normalmente essa é uma função desempenhada pela Guarda Civil e pela Polícia Militar, que possuem experiência em controle de tráfego e, ainda mais, por se tratar de um evento oficial do município.

Nesse aspecto, posso afirmar que se não fosse um grupo de motociclistas adeptos ao esporte, aonde me incluo, muitos corredores participantes ficariam em apuros. Só no meio da prova é que dois guardas civis em motocicletas apareceram para apoiar aos participantes. No entanto, eles, os guardas batedores atrasados, não conheciam o percurso da prova, como a maioria dos corredores e eu também não. Na verdade, fomos adivinhando o trajeto.

Em momento algum, em uma prova de rua em que riscos de acidentes são eminentes, se viu o apoio de uma ambulância de pronto atendimento, fato que é obrigatório por lei.

Não havia sistema de som para anunciar absolutamente nada: as autoridades presentes, os participantes de outras cidades, os vencedores, etc. Enfim, nada se anunciava por não ter um simples sistema de som, equipamento obrigatório em qualquer evento de qualquer natureza.

Faixa de chegada não havia, o de largada foi um “já” dado pelo organizador que participava da prova como corredor.

Após a chegada dos muitos atletas de outras cidades, podendo citar: Friburgo (o vencedor), Macaé, Rio das Ostras, Pirapetinga, etc., as manifestações de insatisfação e repúdio ecoaram de forma unânime.

Mas o sofrimento desses heróis não parou por aí. A apuração dos vencedores da prova e respectivas categorias foram um martírio. Os participantes foram obrigados a ficar horas e horas num sol escaldante para se ter os resultados, que não podemos deixar de registrar, muitos com erros que geraram revoltas entre os participantes.

Bom, no final dessa triste e envergonhante competição, os vencedores foram chamados para receber suas respectivas premiações. Pasmem, não havia um pódio (recurso material básico e imprescindível em qualquer evento esportivo), um fotógrafo, não havia nada. Nenhuma valorização sequer dos atletas, que treinam várias horas por dia, vários dias por semana, várias semanas por mês e que são, ao meu ver, as maiores estrelas de qualquer evento esportivo.

Os atletas de corrida de rua são exemplo de humildade, valorizam muito mais o reconhecimento de seu esforço, do que propriamente o dinheiro da premiação. A maioria corre por amor ao esporte, fazem papel de figurantes, sabem que não vão ganhar. Mas, senão fossem esses anônimos talvez as corridas de rua não teriam brilho que possuem como evento esportivo. Para reforçar todo este relato, registre-se que sobrou dinheiro de premiação, algo em torno de seis premiações em dinheiro. Fato inédito, pelo menos para mim.

Como morador de Campos, orgulhoso e amante da cidade que possui o 16º PIB do Estado, 25ª cidade do Brasil em arrecadação de impostos, com um orçamento estimado em um bilhão de reais por ano, que é considerada a cidade pólo regional, que possui uma importância política e econômica a nível nacional, senti-me envergonhado. Uma vergonha ao ver como o esporte em Campos é atrasado, tratado com enorme descaso e, por conseqüência pouco desenvolvido.

Uma vergonha que aumenta, na medida em que vejo a pequena e pacata cidade de Macuco, situada na região serrana do nosso Estado, realizar um evento desta mesma natureza, agregando milhares de participantes e utilizando toda tecnologia disponível para que a valorização dos participantes e o sucesso do evento elevem o nome do município, atraindo investimentos, principalmente na área do turismo, gerando renda e empregos.

* Jornalista, profissional de Educação Física, ex - Presidente da Associação dos Profissionais de Educação Física de Campos (1996 a 2000).

sexta-feira, agosto 24, 2007

O “Elefante branco" da Lapa

Prof. Vitor Augusto Longo Braz
Jornalista e profissional de Educação Física

No ano de 2000, concebi um projeto, que na época se transformou, para mim, a menina dos meus olhos e em um grande desafio a sua execução. O Projeto, por mim, intitulado de FESPORTE CAMPOS, consistia no aproveitamento do cais da Lapa para a prática desportiva e promoção de eventos esportivos e culturais, como shows, por exemplo. É um amplo projeto que comportava eventos esportivos dentro da quadra, como: futevolei, duplas de vôlei, beach soccer e frescobol. Dentro do Rio Paraíba: Travessia de natação, regatas diversas, como: de laser, de remo, de caiaque, de caíque, desafio de jet sky e Wind surf. Na orla: apresentações de artes marciais, corridas rústica e procedimentos de medição de pressão arterial, glicemia e peso ideal. De um dia para o outro, ou seja, de sábado para domingo, um show popular regional.

Para tanto, o projeto previa a construção de uma “Arena Esportiva”, ou seja, uma infra-estrutura composta de arquibancadas, palco, quadra de areia macia e limpa e quiosques - que poderiam ser até tendas, para medições de pressão arterial, glicemia e peso ideal, através do fracionamento das medidas de composição corporal, de forma informatizada, para fornecer dados e dicas, com vistas à melhoria da saúde, bem estar e qualidade de vida da população.

Na ocasião, da elaboração deste projeto, apresentei-o a Carjopa, que tinha como então presidente, o empresário Marcelo Diegues. Marcelo adorou o projeto, porém a entidade que dirigia estava no seu começo e não dispunha de recursos capazes para transformá-lo em realidade.

Apresentei-o, então, a Kaiser, que após análise dos diretores da empresa, também fizeram uma avaliação positiva de sua execução, sugerindo, inclusive, que trouxesse a Dora Bria, campeã mundial na época de Wind Surf e, por demais, presente na grande mídia nacional, para agregar mais valor ao evento.

No entanto, a distribuidora da Kaiser estava em vias de mudança da nossa cidade e, o meu tão sonhado projeto, mais uma vez, ficou engavetado.

Quero registrar que este projeto foi apresentado a essas duas instituições e, deixado com os seus respectivos dirigentes, a cópia do mesmo. Esses empresários, em momento algum, se apoderaram do mesmo e, tão pouco, executou algo parecido com o que lhe foi apresentado e deixado com eles. Demonstraram ética, no sentido amplo da palavra.

Pois bem, na coalizão política partidária que o Prefeito Alexandre Mocaiber se propôs a fazer, o PSDB foi um dos partidos avocados a compor sua base política. O ex- deputado Paulo Feijó, embora na época sem partido, mas que apoiou o Prefeito Alexandre Mocaiber, no segundo turno das últimas eleições municipais, foi agraciado com a oportunidade de indicar um dos seus correligionários, para dirigir a Fundação Municipal de Esporte. Dessa forma, Feijó indicou o empresário e ex-sargento do Exército, Ivanildo da Silva Cordeiro, para assumir a pasta da Fundação Municipal de Esportes de Campos.

Minha expectativa foi tremenda, vibrei como se tivesse sido eu o indicado, uma vez que, tratava-se de um amigo de mais de 20 anos, que apoiei para deputado estadual, na campanha de 1995 ou 1996, não me lembro bem, e que sempre tive um excelente relacionamento de amizade comigo.

Contudo, minha decepção começou quando nem convidado para sua posse eu fui. Mas, não fiquei magoado, poderia ter sido esquecimento do amigo de mais de 20 anos. Quando o procurei para lhe requisitar um apoio para um evento aquático, o mais tradicional de Campos, que já desenvolvia há sete anos sem contar com o mínimo de apoio da municipalidade, minha decepção aumentaram um pouco mais. Dificuldades de todos os tipos foram, pelo presidente e seu tesoureiro apresentado, e o apoio, por mim, requisitado, tornaram-se quase que impossível.

O resultado é que não obtive o apoio para este tradicional evento, verdadeiramente de base, que fomenta a natação de nossa cidade, pois reúne em cada uma das suas etapas, uma média de 500 crianças, de faixa etária compreendida entre 1 a 18 anos, de mais de 25 Instituições, dentre as quais: projetos sociais, clubes, academias, condomínios, escolas públicas de variadas localidades, como Travessão e Martins Laje, e que sempre foi realizado com o maior zelo e organização. Todas as 31 etapas, ao longo dos 7 anos e meio de realização, foram coroadas de pleno sucesso. Foi uma falta de visão desportiva imperdoável do Presidente da FME e seu tesoureiro.

Em outra ocasião, fui até ao presidente da FME, requisitar um apoio para realização da 2ª Corrida de Travessão. Novamente, dificuldades outras, foram impostas. Mesmo assim, fui por diversas vezes à sede da FME, inclusive, certa vez, acompanhado da Diretora do Colégio Estadual Nelson Pereira Rebel, profª Zamite Barreto, para tentar o apoio, que só aconteceu quando procurei o Feijó e relatei as dificuldades que estava tendo para o meu pleito. Diga-se de passagem, que nesta corrida rústica a previsão de participarem mais de duzentos corredores se concretizou, e o próprio presidente da FME, foi testemunha ocular não só do quantitativo de participantes, mas da sua organização séria e profissional, com apuração informatizada, algo inédito em nossa cidade, e a presença de atletas de vários outros municípios. Ressalte-se, por importância, que neste evento a verba destinada mal deu para cobrir os custos da corrida e que foi gerenciada pela diretora da instituição. Só para reforçar: eu, Vitor, não ganhei absolutamente nada em termos financeiros, nenhum centavo. Ganhei sim, e fiquei imensamente satisfeito, a felicidade de ter realizado mais um importante evento esportivo, de inclusão social e de integração, que contou com a presença de componentes do Grupo da Terceira Idade de Travessão, e do maratonista mais idoso do mundo- Sr. Tuplet Vasconcelos (94 anos) - na minha carreira profissional.

Mas, a minha maior decepção foi quando vi aquele meu tão sonhado projeto da Arena Esportiva – O FESPORTE Campos, começar a ser executado pela FME, sem ao menos me ter conhecimento. Ao encontrar, por um acaso do destino, na Semana do Meio Ambiente, no Centro de Campos, já sabedor da intenção do presidente da FME, em realizar aquele evento, que lhe apresentei na véspera da sua posse, indaguei-o sobre seu procedimento antiético. O presidente, então, desconversou e mudou o assunto.

Como se não bastasse essa atitude antiética, que não condiz com qualquer ser humano, muito menos, com um Gestor Público, comecei a ser difamado por ele, com adjetivos pouco agradáveis, como: desequilibrado, doente e criminoso.

Mas DEUS é magnânimo! Consegui uma mão amiga na Secretaria de Indústria, Comércio, Turismo e Tecnologia, na pessoa do secretário, Dr. Rockfeller Felisberto de Lima, e de seu subsecretário, Sr. Marcelo Queiroz, dois jovens dinâmicos e de grande visão. “Abri” a porta do Turismo para realizar importantes eventos esportivos, que serviram de poderosas ferramentas, para se alavancar o Turismo em Farol de São Thomé e Lagoa de Cima, mobilizando os idosos de Campos e atletas de renome Internacional e de toda Região.

Aí minha decepção, já se configurando em mágoa, majorou, quando o Presidente da FME, talvez, envergonhado, enciumado, invejado, ou sei lá que sentimento baixo lhe possuiu, passou a tentar fechar as portas que abri na Secretaria de Turismo.

Graças a DEUS, essas suas atitudes só têm colaborado para que sua personalidade e caráter sejam, cada vez mais, do conhecimento público, não obtendo eco nenhum junto aos seus interlocutores, que estão constatando a seriedade e o profissionalismo que, modesta à parte, faz parte da minha personalidade e caráter.

E a Arena da Lapa, o meu “FESPORTE” Campos, que pena! Passou a ser considerado um Elefante Branco, estando na maior ociosidade há quase um mês.

Sua efetivação se constituiu num verdadeiro fracasso, executado nas “coxas” e em cima da hora, a dois dias do previsto, as festividades de São Salvador. De lá, para cá, a “Arena da Lapa”, ficou abandonada, a mercê de traficantes e de usuários de drogas da comunidade que controla o tráfico nas imediações.

Uma tristeza para mim e acredito, que para toda população campista. E o que agrava, mais ainda, essa situação, é que o “ELEFANTE BRANCO DA LAPA” está sendo bancado com o erário público, ou seja, com o meu dinheiro, com o seu e o de toda população de Campos.

Mas, como tudo na vida, é passível de mudanças, quem sabe o presidente da FME, não coloca a mão na consciência e vislumbre que tudo na vida é passageiro. Que não vale a pena ficar de “sapato alto” e jogar no lixo da sua vaidade as antigas, verdadeiras e fiéis amizades, construídas ao longo de décadas, com parceiros que começaram juntos, com todas as dificuldades e, como diz o dito popular: “comendo o pão que o diabo amassou”.

Que o Bom DEUS lhe abra seu coração e descortine sua visão obscurecida pela arrogância, ostentação, vaidade e presunção que o Poder cega.

Para finalizar quero dizer, que apesar da decepção e da mágoa que, no momento, sinto, não posso alimentar esses sentimentos dentro do meu Ser, sob o risco de não ser digno de galgar o Reino de DEUS e proporcionar combustível para qualquer tipo de doença. Torço pelo seu sucesso e, todos os dias faço emanações das melhores vibrações de positividade para o amigo Ivanildo Cordeiro.

Mas, por derradeiro, peço-lhe, encarecidamente, em nome de DEUS e dos meus quatro filhos: Ivanildo, deixe-me trabalhar!

quarta-feira, agosto 22, 2007

Desenvolvimento do esporte em Campos com oportunidades para todos: como começar?

Vitor Augusto Longo Braz
Profissional de Educação Física e Jornalista
Mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ


Ao fazermos uma abordagem em relação ao tema em questão, nossa principal finalidade é tentar contribuir de alguma forma para o desenvolvimento do esporte campista num todo. Dessa forma, toda a ideologia apresentada neste texto configura-se em pensamento próprio.

Pensamos no esporte como uma vertente da educação, ou melhor, consideramos o esporte como uma das mais poderosas ferramentas da educação, que leva a reboque de sua prática a qualidade de vida, a saúde, o turismo, a cidadania, o desenvolvimento econômico e a promoção social, onde as oportunidades oferecidas através da Educação Física são capazes de transformar cidadãos, aumentando a auto-estima, a capacidade e os horizontes através do esporte e atividade física e de lazer.

Na verdade o esporte brasileiro ainda é feito de ilhas de excelência, na grande maioria dos casos. Não existe uma massificação do esporte, no sentido de estar próximo das pessoas, estar nas escolas, fazer parte do cotidiano das pessoas. Acreditamos que o esporte tem que deixar de ser restrito a um espetáculo de televisão e passar a fazer parte do dia-a-dia das pessoas. Isso é essencial para a inclusão social, a auto-estima e outros fatores de formação dos jovens.

Mas para tentarmos desenvolver este tema, de forma pragmática, é necessário que apontemos algumas políticas públicas que visem o desenvolvimento do esporte como um todo.

Para isso, necessário se faz, que levemos em conta a dimensão territorial e habitacional de nossa cidade. Somos uma cidade de quinhentos mil habitantes em média, e de uma extensão territorial imensa. Temos que pensar em proporcionar oportunidades para todos os cidadãos campistas. Desde os que moram em áreas centrais, até aqueles que moram na periferia e distritos distantes como: Baixada Campista (Donana, Baixa Grande, Farol de São Tomé, Tocos, etc.), na Região Norte (Morro do Coco, Cons. Josino, Vila Nova, Travessão, etc.) e na Região Sul (Tapera, Ururaí, etc.).

Imaginem a quantidade de jovens em idade de iniciação desportiva, oriundos dessas localidades, muitos com talentos natos, que, no entanto, se encontram sem oportunidades e, dessa forma, excluídos de desenvolverem-se através do esporte e da atividade física. Não é raro vermos um, ou outro, atleta dessas localidades periféricas despontarem no cenário esportivo nacional, após passar de forma anônima pelo esporte em nossa cidade.

Por sermos uma cidade que proporciona poucas oportunidades para esses jovens se desenvolverem nos diversos campos sociais, em particular no esporte, torna-se comum eles migrarem para a região central da cidade em busca de subsistência própria e o de sua família. Nessa esteira de injustiças sociais esses excluídos, via de regra, passam a ser os chamados “meninos de rua”, que são discriminados e passam a ser um peso para a sociedade.

Nossa cidade conta com um potencial financeiro (estima-se que sejamos a 25ª cidade em arrecadação entre aproximadamente 5.565 cidades do Brasil e a 10ª em PIB, segundo foi noticiado recentemente), conta, ainda, com um potencial técnico (duas Universidades com cursos de Educação Física). Porém, o que é mais importante, no nosso entender, é a completa falta de infra-estrutura básica para permitir o desenvolvimento do esporte com um todo.

Não temos sequer uma pista de atletismo. Não temos sequer um ginásio público decente para atender as necessidades das poucas equipes de ponta de Campos.. Isto chega ser vergonhoso.

Mas olha só que paradoxo: A Prefeitura de Campos já teve um time milionário (atletas com grandes salários) de basquete masculino e um de vôlei feminino. Essas equipes treinavam em ginásios alugados, faziam a preparação física e técnica em ginásios alugados e jogavam em ginásios alugados. Pagamos caro por essas equipes durante alguns anos.

Mudou o governo e acabaram com as equipes. E aí a pergunta que fica: O que essas equipes deixaram para Campos, ou melhor, perguntando, qual foi o desenvolvimento que o esporte campista teve com essas equipes? Acabaram-se as equipes de ponta, não existe atletismo, falo em arremessos, lançamentos, saltos, corridas de pista, acabaram-se essas modalidades em Campos. Isso não é desenvolvimento, concordam? Mas gastou-se e gasta-se muito.

No nosso entender Campos precisava estar dotada de infra-estrutura capaz de atender a todos os cidadãos campistas, desde aqueles da área central até àqueles moradores das áreas periféricas mais distantes.

Falo em construção de complexos desportivos na baixada, em Guarus, na Região Norte, na Região Sul, além de uma Vila Olímpica nos moldes e padrões internacionais, que seja capaz de abrigar competições internacionais como algumas dos Jogos Pan Americanos.

Penso em um total de sete complexos: quatro na Baixada, dois na Região Norte, e um na Região Sul, além, como citei acima, uma Vila Olímpica nos padrões internacionais.

Vou mais a frente um pouco nessas minhas sugestões, para não dizer que sonho demais, ou sou utópico. Para se realizar um projeto decente e eficaz para o desenvolvimento do esporte em Campos, com a infra-estrutura necessária que citei, talvez não se gaste muito. As parcerias estão aí para serem consolidadas. Existe empresas que têm dívidas sociais com a cidade (Petrobrás, Águas do Paraíba, empreiteiras diversas, e outras que estão se instalando com incentivos do município).

Com um projeto sério e com vontade política tenho certeza que essas empresas gostariam de ajudar, até porque existe incentivo fiscal para empresas que investem no esporte.

Ta na hora da Fundação Municipal de Esporte parar de ser “cabide” de emprego e pensar grande. São décadas de atraso, basta olhar os municípios vizinhos e menores em extensão, população (quanto mais gente, mais possibilidade de talentos) e principalmente em arrecadação, como já se encontra Macaé, Quissamã e outros. E não adianta vir com essa que Campos é várias vezes campeã dos JAI, que isso é, para quem entende e quer ver a coisa de forma mais clara, uma tremenda hipocrisia. Comentário de fontes fidedignas afirmam que atletas profissionais de vários esportes, até com passagem em Olimpíadas, de outras cidades são contratadas para representarem Campos. Chega até ser uma covardia com as outras cidades. Aí se usa a mídia para fazer “estardalhaço” em cima da conquista, numa disputa desigual e covarde, ao meu entender.

Senhor presidente da FME, meu filho mais velho completou dezoito anos em junho. Sua geração passou sem ver esporte em Campos. Torço e faço votos que os meus (outros três) e os seus filhos não passem pelo mesmo. A responsabilidade é toda sua, enquanto gestor do esporte de Campos dos Goytacazes, uma da mais ricas cidades do país.

quinta-feira, agosto 02, 2007

A aviação, o lucro, a imprensa e a gestão no Brasil

Luiz Felipe Muniz de Souza
Advogado, psicopedagogo, terapeuta e industriário.

e-mail: lfmunizz@gmail.com

Não há dúvidas de que a indignação tomou conta do Brasil após mais uma tragédia de proporções cinematográficas! O relevo escarpado da ocorrência em meio a uma já anunciada e frenética crise de todo o setor da aviação civil dá sinais inequívocos de que os erros, as falhas, as omissões, a desordem, a ganância, a irresponsabilidade civil e penal – pública e privada - se somam e se aglutinaram no tempo de vários governos e no espaço das instituições envolvidas, e como um câncer está matando, infernizando famílias e afetando a frágil estabilidade político-econômica do país.

Graças a muitos interlocutores da grande mídia, as informações preliminares já apontavam os responsáveis por mais esta desgraça: o Governo Federal. No olho do furacão, o desespero e a dor dão as cartas, surpreendem e comovem todos nós!! É verdade, o Governo Federal é o culpado! Todos, até o Presidente da República parecia entoar este cântico das tormentas, quando não veio de imediato a público prestar esclarecimentos e solidariedade aos familiares! Até por que nós fomos treinados para acolher como verdade tudo aquilo que os tele-jornais publicam; temos preguiça nata por outras fontes! Agora, a CPI do “Apagão Aéreo” deixa vazar dados da “caixa preta” onde há fortes indícios de que teria havido falhas dos equipamentos de frenagem associada à falha humana, com base no diálogo entre os pilotos e a torre de controle do aeroporto..., mas é tarde!

Inúmeros pilotos e tripulantes da TAM e outras companhias pediram demissão ou entraram com licença médica alegando excesso de trabalho, condições precária dos equipamentos e problemas psicológicos, fatos largamente publicados nos jornais de circulação nacional nos dias seguintes ao acidente, mas que tiveram pouquíssimo espaço na grande mídia televisiva. A TAM expediu pedido quase desesperado de ajuda aos seus funcionários de férias e convocou todos que estavam de folga para atender ao caos que se instalou nos dias subseqüentes.

Enquanto isso especialistas de toda a ordem se manifestam por todo o canto do país. Na revista “Época” de 23/07 o doutor em Ciência Política da FGV, Fernando Abrucio, com o título: “Congonhas mostra o colapso do Estado”, diz que “o Brasil passa por um colapso de sua infra-estrutura” e que há “um descompasso entre o avanço da economia e a incapacidade do governo”. O editorial da Folha de São Paulo do domingo 29/07 estampa a crise aérea como “dor de crescimento”, segundo ele o “vigor econômico já pressiona infra-estrutura além dos aeroportos” e que “uma abertura geral do setor de infra-estrutura ao capital privado seria uma saída óbvia para conciliar o interesse desses agentes aos do país.”

A bem da verdade deve ser dito alto e em bom tom que boa parte do Serviço Público praticado hoje no Brasil, em todos os níveis da Federação, está mergulhado no amadorismo. Entendendo amadorismo como o exercício de uma atividade técnica ou administrativa sem quaisquer critérios prévios de padronização ou normatização, capazes de nortear objetivos e fins a serem cumpridos por um agente público num determinado espaço de tempo. Se não há padrões a serem cumpridos nem normas a serem atendidas, não há fiscalização e nem responsáveis, enfim, não há gestão que dê conta dos sabores da pessoalidade na administração da coisa pública. Esta é a política do quanto pior melhor, muitas empresas privadas se beneficiam e abusam desta lógica nacional para abocanhar mais divisas e assim, colocam em risco os usuários de seus produtos ou serviços!

O amadorismo que se pratica no Serviço Público é um vício patrocinado pela classe política que tem um pé na iniciativa privada e que deseja enfurecida o vigor frágil do “Estado Mínimo” e Míope. É inconcebível que a indústria da aviação civil não possua hoje instrumentos próprios e eficazes de auto-regulação e autocontrole de todo o seu processo com vistas à segurança operacional de suas aeronaves e instalações, de seus usuários e demais interessados e ou envolvidos, como hoje transparece para a sociedade brasileira.

Quando defeitos e ou registros de falhas de equipamentos ou instalações vitais não são tratados com o rigor que o processo requer ou deveria, então a última palavra ficou por conta tão somente da demanda, ou do fluxo de caixa, ou dos aspectos políticos, ou da decisão própria daqueles que entendem que administrar ou liderar é “assumir riscos”.

Para entender, respeitar e tratar os sinais de deterioração do Estado Brasileiro e das Instituições Públicas e Privadas é preciso muito mais do que títulos e arautos televisivos, a nação requer urgentemente uma nova gente para a ação e a administração da coisa pública, o tempo urge e o vento sopra contra nós!!

quinta-feira, julho 05, 2007

Etanol: a verdade do norte fluminense!!

Luiz Felipe Muniz de Souza
Advogado, psicopedagogo, terapeuta e industriário.

e-mail: lfmunizz@gmail.com
Campos, Julho/2007.


Graças a um jovem e promissor jornalista do “O Dia” – Diogo Amaral – e os fabulosos avanços da informática, eu fui provocado a tempo para assistir ao Seminário: ETANOL DO NORTE FLUMINENSE AO MERCADO GLOBAL – já havia me esquecido – no último dia 26/06/07. Acabei assistindo na íntegra pela internet, que maravilha!

Acredito que a realidade dos avanços tecnológicos na área da informação e comunicação está promovendo uma revolução mais real do que muitos de nós poderíamos supor. Tudo parece avançar numa dinâmica incomum para os olhos dos “fluminenses” mais ao norte.

Este seminário, na minha humilde opinião, foi um divisor de águas! A simultaneidade entre o CEFET (Campos dos Goytacazes) e o EDISE (Petrobrás/RJ) numa transmissão em tempo real, com a participação de lideranças de classes e governamentais (nacionais e regionais), sobre os detalhes e desafios burocráticos, técnicos e administrativos da indústria e da lavoura canavieira no Brasil e em particular no Norte-Fluminense, trouxe para todos uma nítida luz e uma atualíssima visão do drama vivido por aqui.

A desenvoltura de representantes dos produtores e industriários do centro-oeste brasileiro e do Estado de São Paulo deixou claro o atual compromisso profissional do setor com o controle real de metas, não só no campo produtivo, mas também nas áreas trabalhistas e sócio-ambientais. Os representantes da Petrobrás foram enfáticos e meticulosos ao tratar dos desafios da produção com responsabilidade social e ambiental, tecendo comentários inclusive sobre o fim das queimadas e utilização das palhas de cana como adubo ou para produção de etanol a partir de celulose.

Durante os comentários sobre o potencial do Norte-Fluminense, um representante da Secretaria Nacional de Indústria ressaltou o importante papel desta região no passado, mas que hoje seria preciso um forte empenho de todos os setores envolvidos para uma mudança de gestão que promova uma real atração dos investidores. Num quadro em que a produção agrícola não consegue atender a demanda já instalada das usinas que operam; onde a produção de cana por hectare é praticamente a metade do que ocorre nas lavouras paulistas; onde o perfil do produtor rural não acolheria as exigências de gestão impostas por um mercado que sinaliza fortemente pela responsabilidade social e ambiental; então somente restaria dizer que o norte-fluminense tem muita lição de casa para cumprir antes de se lançar atrás do dinheiro do investidor.

Representantes do CEFET e da UFF/RJ apresentaram, em detalhes, as dívidas do setor com o meio ambiente e os trabalhadores rurais, apontadas em vários estudos acadêmicos desenvolvidos pelas universidades regionais, mas incrivelmente foram rebatidas pelo Presidente do Sindicato dos Produtores de Cana de Açúcar do NF – e também representante da Firjan – presente no palco do Edise. Segundo ele os produtores rurais, ou como gosta de chamar: “empresários rurais”, praticam na região a responsabilidade social, a responsabilidade ambiental e que esta questão de queimadas, somente com o tempo e o aperfeiçoamento natural da sociedade é que será extinta (???), não entendi, e você??

Praticamente todas as lideranças de classe de nossa região, que tiveram vez e voz no seminário, pediram socorro a Petrobrás, mas sem apresentar nada de concreto, mais uma vez transparece a velha máxima da busca de recursos sem contrapartidas, sem co-responsabilidades, sem convergências setoriais e sem metas claras e definidas previamente. Somente o Mário, é o Mário Concebidas, que aproveitou a oportunidade para espetar a Petrobrás – relembrando uma falsa idéia de que aquela empresa havia lutado contra o Pró-Álcool -, coisas do Mário!! Falou pouco e explicou menos ainda o procedimento de empréstimos, com dinheiro dos royalties do petróleo, para os produtores de cana em Campos dos Goytacazes.

Enfim, se vocês quiserem de fato participar desta revolução no cenário energético mundial, deverão querer aprender, rapidamente, práticas de gestão participativa! Deverão entender o por quê que muitos produtores de cana, ainda hoje, estão transformando em ração as suas lavouras, ao invés de vender para a usina a R$ 10,00 (dez) reais a tonelada! Além, é claro, de aceitar com gentileza e confiança a opinião que não coincidir com aquela do mais puro e genuíno “Capitalismo”, como alguém teria dito também por lá!!

quinta-feira, junho 14, 2007

Royalties em Campos dos Goytacazes, RJ e as universidades!

Luiz Felipe Muniz de Souza
14/06/2007

A discussão - ou monólogo público?? - sobre o uso adequado dos royalties está levando à linda baixaria que quase sempre predominou nas rodas dos debates sobre o que fazer com a outrora promissora: Campos dos Goytacazes/RJ!!!

Por mais que alguns poucos "obstinados" e "devotos" do exercício democrático tentem, o fato é que não conseguimos sair da mesmice, da pasmaceira de sempre, dos egos em excessos - locais e provincianos - que embalaram e ainda fazem a história desta terra miserável de Escravos, de Engenhos e de Royalties do Petróleo.

Nos últimos anos o que tivemos em excesso foram radialistas no poder, falastrões egocêntricos e um retrocesso radical dos movimentos sociais. Hoje as universidades locais - e são muitas!! - não mais conseguem fomentar as renovações fundamentais e nem as revoluções urgentes do pensamento e das ações públicas.

Boa parte deste caos se deve porque há nelas de fato um certo - e talvez profundo - enredamento, um entrelaçamento pouco ético com os poderes da administração pública local e regional, fatos que tendem a partidarizar politicamente tudo que se passa e se pensa no seio da comunidade acadêmica, deixando órfãos de idéias e ideais os cidadãos e cidadãs da Campos dos Goytacazes de hoje.

A maneira como um Secretário Municipal de Comunicação conduz a discussão pública e a crítica de um segmento universitário - chamando todos para uma cervejada num boteco de esquina - ao uso dos royalties, nos dá a nítida dimensão da precária condição político-administrativa do atual prefeito, ao mesmo tempo que esgarça para toda a comunidade a pouca reputação de muitos indivíduos que fazem política por aqui!!

É dito em "boca pequena" por aí que boa parte das bolsas universitárias pagas pela prefeitura de Campos - à título de "investimento" segundo o Secretário de Comunicação - é destinada a muita gente de alto poder aquisitivo e influente na Administração Municipal!!!

Ora, Senhor Secretário - seria esta uma boa oportunidade para a Secretaria de Comunicação Municipal - ao invés da cerveja no boteco - apresentar uma lista completa dos beneficiários das bolsas bancadas pelos royalties do petróleo - com o nome completo de pais e renda bruta - para que a sociedade avalie bem se de fato trata-se de um investimento ou mais um "caixa dois" da administração pública no Brasil!!!

sexta-feira, março 23, 2007

Tecnologia social e desenvolvimento em Campos

Fábio Siqueira – historiador, professor e diretor Sepe
e-mail: fabiogsiqueira@ig.com.br

No último dia 19 estive na UENF a convite da coordenação do Programa de Pós-graduação em Políticas Sociais e da Pró-Reitoria de Extensão e assuntos comunitários. No programa a aula inaugural do curso de mestrado do referido programa com a educadora e ex-deputada federal Irma Passoni. A palestrante hoje se dedica a coordenar o ITS (Instituto de Tecnologia Social), uma ONG que se dedica a disponibilizar tecnologias resultantes da produção científica brasileira para a sociedade, especialmente para as camadas menos favorecidas ou excluídas. Sua fala discorreu sobre o papel da Universidade nesse contexto, como instituição responsável no processo de desenvolvimento nacional. Desenvolvimento aqui compreendido não apenas em seu aspecto socioeconômico, mas também – e fundamentalmente – no aspecto humano e social.

Muito oportuno este debate na UENF. Na própria cobertura que este blog tem dispensado às eleições para a escolha do próximo reitor desta universidade, já foi comentada – inclusive pelos candidatos – a opinião corrente na cidade segundo a qual esta instituição acadêmica não conseguiu até hoje se integrar de forma efetiva com a comunidade campista. Em que pese todos os problemas que a UENF enfrentou ao longo de sua história, inclusive a luta pela autonomia universitária e que talvez tenha mantido a comunidade focada nos interesses internos, já é hora de – finalmente – promover tal integração. Isto não é apenas uma questão de opinião. Diz respeito à necessidade de exercer uma responsabilidade que a comunidade científica tem, de contribuir para o debate e as ações relativas ao desenvolvimento regional. De parabéns a coordenação do Programa e a Pró-Reitoria que promoveram o evento, pela sensibilidade com tema tão relevante.

Como um dos poucos – se não o único – representante da sociedade civil presente na palestra que contava com público composto quase que totalmente por membros da comunidade universitária, me motivei a apresentar uma questão à ex-deputada após sua explanação que apresentou inúmeros relatos de experiências verificadas na região Norte, Nordeste, em São Paulo, enfim por todo o país, onde a integração entre a comunidade científica, o ITS e o poder público resultou em desenvolvimento social, gerando cidadania para milhares de pessoas. Minha pergunta solicitava um maior detalhamento entre as parcerias com prefeituras mencionadas em sua fala, especialmente uma experiência envolvendo a Secretaria Municipal de Trabalho de Osasco, além disso questionava a impressão de Irma sobre o potencial de uma prefeitura com orçamento como o de Campos nesse sentido.

Sua resposta me convenceu que muito ainda pode ser feito aqui para mudar a realidade de milhares de pessoas que se encontram na pobreza, ou que dependem de um contrato de trabalho temporário ou terceirizado na prefeitura – em situação irregular e de eminente desemprego. No caso de Osasco, a articulação entre instituições que promovem pesquisa científica, o ITS, governo Federal e prefeitura produziu um eficaz programa de geração de emprego e renda, rompendo com a questionada acomodação dos assistidos por programas emergenciais como o Bolsa Família. Em Campos, não há no organograma da Prefeitura uma Secretaria de Trabalho, responsável pela experiência de Osasco, também não há uma Secretaria de Ciência e Tecnologia, fundamental para articular a Universidade, suas pesquisas e o interesse público – isto apesar de o partido do prefeito ocupar o Ministério e a Secretaria de Estado de mesmo nome. Isto revela a inércia da atual administração em avançar em algumas áreas de governo, apesar do robusto orçamento do Município. Outra observação de Irma deve ser destacada. Ela lembrou de sua atuação parlamentar, quando da legislatura que definiu os royalties do petróleo para os Municípios e Estados da Federação, principal receita dos municípios da região. Disse que, na oportunidade, tiveram contato com o modelo do Alasca, onde a compensação financeira é paga individualmente a cada cidadão anualmente, e não mediada pelo Estado. Assim defendeu ampla publicidade e democratização no que se refere à utilização destes recursos por Estados e Municípios.

Todos nós que defendemos a justiça dos royalties pagos aos municípios da região – imaginando estes recursos como vetor de desenvolvimento neste bolsão de pobreza encravado no “Sul maravilha” – acompanhamos com atenção a utilização destes recursos pelas prefeituras locais e esperamos que estes sejam empregados em investimentos de interesse público. E tecnologia social, articulando conhecimento científico e tecnológico com políticas públicas voltadas para a promoção da cidadania é um belo investimento!

domingo, fevereiro 18, 2007

A inconveniência da “verdade” dos intolerantes!!

Luiz Felipe Muniz de Souza
Advogado, psicopedagogo, terapeuta e industriário

e-mail: lfmunizz@gmail.com
Campos, 16/02/2007.

Por mais que as chuvas abundantes e as enchentes incomuns em nossa região exijam ações urgentes para desafogar as famílias, os rebanhos e os canaviais inundados, não podemos mais correr o risco de cometer os mesmos erros simplistas do passado. Temos que agir e pensar juntos para além das diferenças de idéias, numa tentativa urgente, e, talvez única, de re-arrumar a bagunça que financiamos ao longo do tempo e que ainda nos domina a todos, particularmente no Poder Executivo Municipal em Campos dos Goytacazes.

Outrora a Baixada Campista foi drenada sim! Em nome do desenvolvimento agro-industrial, construímos mais de 2000 Km de canais sem considerar quaisquer aspectos de cunho ambiental sim! Alguns dizem, na defesa do que foi realizado, que o trabalho se deu em função das doenças e epidemias oriundas dos fartos mananciais. Na minha humilde opinião, uma desculpa que custou apenas, a perda de quase uma centena de lagoas e outras centenas de brejos e áreas úmidas importantes e vitais para toda a comunidade.

Desconsiderar os importantes relatórios internacionais sobre o “Aquecimento Global”, e, as inevitáveis “Mudanças Climáticas” para a tomada de decisões é o mesmo que negar hoje a existência da Lua ou afirmar que a destruição de Nova Orleans / EUA pelo “Katrina” ou a “Tsunami” na Ásia foram uma ficção!!

Toda a Rede Globo nunca esteve tão “ecochata”! Colunas de Economia e Política não falam em outra coisa senão em mudança de matriz energética para tentar fazer frente ao drama do aquecimento e suas conseqüências espetaculares. Quem diria, a Miriam Leitão!? O “Fantástico” dominical traz agora fora do tempo - mas em horário nobre - especiais internacionais, para tentar explicar, o que de fato há na Biosfera em crise, numa tentativa meio que desesperada de chamar a atenção para o grave momento da humanidade. Até a Ana Maria Braga deixou um pouco de lado, as delícias de nossa culinária, para entrevistar um dos jornalistas responsáveis pelo atual envolvimento da “Rede Globo” com o tema.

Enquanto isso, aqui no 6º PIB Brasileiro, os ruralistas e usineiros reacendem velhos dramas ambientais, embalados pelas águas em suas lavouras de cana e pelas pontes caídas e ausentes. Esqueceram boa parte dos excessos cometidos: invasões de lagoas, eliminação de pequenas propriedades rurais, expulsão de comunidades pesqueiras, derrubadas de florestas, etc. Agora que o álcool foi elevado a categoria de “commodity” internacional, devido à busca das nações por alternativas aos combustíveis fósseis, sentem-se cada vez mais poderosos para o enfrentamento político regional. Já conseguiram até uma grande vitória: a pressão sobre o Prefeito de Campos motivou a troca do secretário de Meio Ambiente, sai o Sidney Salgado de perfil técnico e entra um político profissional – Paulo Albernaz - de bom trânsito com os ruralistas, mas de perfil frágil com relação à área socioambiental.

Tudo bem, para ser Secretário de Governo não é preciso ser especialista! Mas a questão não é essa, ela é um pouco mais complexa e requer melhor reflexão.

O grande problema é que na Prefeitura de Campos impera um caos dramático de organização, planejamento e fiscalização. Não há qualquer padrão a ser seguido na qualidade de funcionário público municipal - seja por concurso ou indicação -, ficando assim o cargo a cargo de quem de fato assume a pasta ou a função. Nada por aqui acontece como fruto de um trabalho de convergência, planejado ou de metas a serem alcançadas, não!! Nestas terras de fartura, o jogo tem ficado por conta da decretação de Estado de Emergência ou similar, impedindo licitações públicas e o cumprimento dos já precários Planos Plurianuais; porém, com farta liberação de verbas dos cofres públicos.

Ora, um município com tantos recursos financeiros, e, tão precárias condições estruturais, não ter capacidade técnica para gerar projetos, para serem financiados e implementados com e pelo Ministério das Cidades na área de infra-estrutura, é uma aberração! Um prefeito que vai ao Jornal da Record e afirma que o município perdeu mais de 350 milhões do Governo Federal por falta de projetos, não deveria ser pressionado pelas lideranças e cobrado pela comunidade?

Não será na divergência que alcançaremos melhores índices de gestão é verdade, mas sim numa visão mais complexa e compartilhada dos fatos e das decisões. Uma parte dos ruralistas e usineiros, por exemplo, estão apostando na criação de novos Consórcios e Comitês para facilitar os caminhos de acesso ao dinheiro federal para a prática de novas intervenções na Bacia Hidrográfica Regional. Há no ar, um certo boicote ao Conselho Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, e, ao Consórcio de Municípios e de Usuários da Bacia do Rio Paraíba do Sul para a Gestão Ambiental da Unidade Foz, instalado em 12/12/2003 junto ao CEIVAP - Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul - Sistema Nacional de Recursos Hídricos, instituído pelas Leis nº. 9.433/97 e 9.984/00 -, dito por eles como “casa dos ecologistas e ambientalistas”.

Não cabe mais a intolerância e suas meias verdades. As questões socioambientais daqui a diante deverão ser assumidas coletiva e democraticamente por todos os segmentos comunitários. Assim desejaram os recentes legisladores brasileiros e assim exigem as urgências globais entorno do tema. O dualismo regional, entre os ruralistas e usineiros de um lado e os ecologistas e simpatizantes de outro, não é mais cabível no cenário atual de crises entorpecentes e hiper-complexas. Precisamos de um choque de Gestão Pública que permita e garanta a evolução dos colegiados já criados, eles têm papel fundamental nas mudanças que urgem. Precisamos ainda, de uma imprensa sensível a toda esta dinâmica de ações locais, com capilaridade profissional, ao mesmo tempo para garantir os espaços da boa informação, como para agir articulando em prol do aprimoramento orgânico local e regional. Muito provavelmente, nem mesmo isto, bastará!!

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Notas sobre o cotidiano

Fábio Siqueira
Historiador e professor
e-mail: fabiogsiqueira@ig.com.br

Estou devendo o artigo a este amigo/blogueiro, mas valho-me deste e-mail para comentar algumas questões em voga:

1) O Flamengo estreou com boa vitória no Campeonato já saltando na ponta de seu grupo de forma isolada, pena que meu entusiasmo durou pouco. Surpreendido pelo arrombamento do carro de meu amigo Professor Gustavo "kbça", na companhia de quem assisti a partida constatei que o meliante resolveu levar o CD player, objeto do furto, dentro de minha mochila, sem objetos de valor material, mas cheia de documentos, agendas e papéis que me farão muita falta. Se o blog puder ser veículo de minha esperança - não sei se cabe na "linha editorial"- gratifico quem devolver tais documentos, papéis e agendas que se encontravam em uma mochila verde-musgo da grife "water-proff" (pena que também não era à prova de ladrão). Contatos: 8126-3455; 27321508 ou 27222696;

2)O desapontamento causado pelo fato acima descrito tirou parte de meu entusiasmo diante da boa vitória do escrete canarinho sub-20 no sul-americano da categoria, disputado no Paraguai. Com a vitória sobre os donos da casa, o Brasil depende de um empate com a Colômbia, lanterna do hexagonal final para garantir vaga em Pequim;

3) Mais uma má notícia pela manhã, depois de mais de três anos sem ver o Mengão jogar em Campos, corremos o risco de cancelamento do jogo previsto para domingo no Godofredo Cruz, ou da realização do mesmo com portões fechados. Não está definido se serão vendidos ingressos para o jogo e em caso positivo se estarão disponíveis dois mil ou sete mil ingressos, tampouco quando se iniciará, ou se haverá, venda antecipada. Não quero entrar em polêmica com as autoridades competentes mas, da última vez que estive naquele estádio, no último clássico Goytacaz x Americano, pelo Brasileiro da série C de 2004 - ou 2003? - o estádio estava lotado e não houve qualquer problema;

4) O DM do PT vai eleger presidente na próxima quarta. O "companheiro" Helio Anomal se assanha para voltar ao cargo com o aparente - e inacreditável - apoio da Articulação. Contudo o script parece condenado a surpresas e "cacos" para desgosto da provável dobradinha. Outros setores representativos das duas chapas que disputaram o PED articulam, com viabilidade, uma candidatura capaz de oxigenar e democratizar o DM. Se a Articulação mantiver o apoio a Anomal o quadro apontaria hoje um empate em 16 a 16, com a decisão ficando na mão de quatro votos indefinidos e consequentemente, imprevisível. É o velho PT! Hora de calçar as chuteiras meu bom Blogueiro.
Abraço, Fábio Siqueira.