domingo, agosto 26, 2007

A vergonha que passei por ser campista

Prof. Vitor Augusto Longo Braz* em 06/08/06

Por ocasião da última Festa de São Salvador, padroeiro de Campos dos Goytacazes, ou seja, a festa popular máxima da nossa cidade, comemorada tradicionalmente no dia seis de agosto (este ano caiu num sábado), e que atrai os milhares de habitantes dos quatros cantos do município, tive a oportunidade de através da imprensa, ficar ciente de sua programação, que incluía, entre tantos eventos, uma parte reservada para o esporte.

Professor de Educação Física e, acima de tudo, desportista, interessei-me pela programação esportiva anunciada, que incluía remo, prova ciclística, corrida rústica e outros esportes. Como organizador de corridas rústicas, tendo organizado quase uma centena desse evento em Campos e cidades vizinhas, fui assistir ao evento de corrida de rua.

Ao chegar ao local, um pouco antes do horário previsto para o início, logo fui cercado por um grupo de corredores de São João da Barra, atletas que tradicionalmente participam deste tipo de evento em nossa cidade. No entanto, pela má divulgação da corrida, só souberam na véspera da realização da mesma. Após grande esforço em conseguir condução e apoio financeiro para participar da “Corrida de São Salvador”, esses abnegados atletas se deslocaram bem cedo da cidade vizinha para participarem da prova. Entretanto, de forma arbitrária e deselegante, foram sumariamente impedidos de participarem da corrida pelo organizador da prova, até mesmo de forma não oficial (sem concorrer à premiação e colocação), e o que é mais lamentável: não foram aceitos nem mesmo os suprimentos alimentares que serviam de inscrição para a prova e que os mesmos tinham levado.

Pela intimidade que tenho com os atletas da cidade vizinha, e a pedido deles, tentei intermedir um acordo para que os mesmos pudessem participar da corrida. Foi em vão. Nem o organizador, nem o Presidente da Fundação Municipal de Esportes, entidade promotora do evento, nem o sub gerente de esportes do município, aceitaram as inscrições dos atletas que viajaram com sacrifícios, principalmente financeiros, para abrilhantar um evento realizado pela nossa prefeitura. Ato que nenhuma razão justifica, muito menos quando o número de participantes era muito pequeno, aproximadamente 30 corredores, e que, frise-se por importância, tinha uma premiação em dinheiro para os vencedores das várias categorias, de grande atratividade.

Por amor ao esporte e carinho pelos participantes (quase todos conhecidos meus), ofereci-me ao organizador para ajudar no que fosse preciso. Como estava de moto, o organizador pediu-me que servisse de batedor (controlador do trânsito e elemento de segurança). Atendi, porém estranhei a solicitação, uma vez que, normalmente essa é uma função desempenhada pela Guarda Civil e pela Polícia Militar, que possuem experiência em controle de tráfego e, ainda mais, por se tratar de um evento oficial do município.

Nesse aspecto, posso afirmar que se não fosse um grupo de motociclistas adeptos ao esporte, aonde me incluo, muitos corredores participantes ficariam em apuros. Só no meio da prova é que dois guardas civis em motocicletas apareceram para apoiar aos participantes. No entanto, eles, os guardas batedores atrasados, não conheciam o percurso da prova, como a maioria dos corredores e eu também não. Na verdade, fomos adivinhando o trajeto.

Em momento algum, em uma prova de rua em que riscos de acidentes são eminentes, se viu o apoio de uma ambulância de pronto atendimento, fato que é obrigatório por lei.

Não havia sistema de som para anunciar absolutamente nada: as autoridades presentes, os participantes de outras cidades, os vencedores, etc. Enfim, nada se anunciava por não ter um simples sistema de som, equipamento obrigatório em qualquer evento de qualquer natureza.

Faixa de chegada não havia, o de largada foi um “já” dado pelo organizador que participava da prova como corredor.

Após a chegada dos muitos atletas de outras cidades, podendo citar: Friburgo (o vencedor), Macaé, Rio das Ostras, Pirapetinga, etc., as manifestações de insatisfação e repúdio ecoaram de forma unânime.

Mas o sofrimento desses heróis não parou por aí. A apuração dos vencedores da prova e respectivas categorias foram um martírio. Os participantes foram obrigados a ficar horas e horas num sol escaldante para se ter os resultados, que não podemos deixar de registrar, muitos com erros que geraram revoltas entre os participantes.

Bom, no final dessa triste e envergonhante competição, os vencedores foram chamados para receber suas respectivas premiações. Pasmem, não havia um pódio (recurso material básico e imprescindível em qualquer evento esportivo), um fotógrafo, não havia nada. Nenhuma valorização sequer dos atletas, que treinam várias horas por dia, vários dias por semana, várias semanas por mês e que são, ao meu ver, as maiores estrelas de qualquer evento esportivo.

Os atletas de corrida de rua são exemplo de humildade, valorizam muito mais o reconhecimento de seu esforço, do que propriamente o dinheiro da premiação. A maioria corre por amor ao esporte, fazem papel de figurantes, sabem que não vão ganhar. Mas, senão fossem esses anônimos talvez as corridas de rua não teriam brilho que possuem como evento esportivo. Para reforçar todo este relato, registre-se que sobrou dinheiro de premiação, algo em torno de seis premiações em dinheiro. Fato inédito, pelo menos para mim.

Como morador de Campos, orgulhoso e amante da cidade que possui o 16º PIB do Estado, 25ª cidade do Brasil em arrecadação de impostos, com um orçamento estimado em um bilhão de reais por ano, que é considerada a cidade pólo regional, que possui uma importância política e econômica a nível nacional, senti-me envergonhado. Uma vergonha ao ver como o esporte em Campos é atrasado, tratado com enorme descaso e, por conseqüência pouco desenvolvido.

Uma vergonha que aumenta, na medida em que vejo a pequena e pacata cidade de Macuco, situada na região serrana do nosso Estado, realizar um evento desta mesma natureza, agregando milhares de participantes e utilizando toda tecnologia disponível para que a valorização dos participantes e o sucesso do evento elevem o nome do município, atraindo investimentos, principalmente na área do turismo, gerando renda e empregos.

* Jornalista, profissional de Educação Física, ex - Presidente da Associação dos Profissionais de Educação Física de Campos (1996 a 2000).

sexta-feira, agosto 24, 2007

O “Elefante branco" da Lapa

Prof. Vitor Augusto Longo Braz
Jornalista e profissional de Educação Física

No ano de 2000, concebi um projeto, que na época se transformou, para mim, a menina dos meus olhos e em um grande desafio a sua execução. O Projeto, por mim, intitulado de FESPORTE CAMPOS, consistia no aproveitamento do cais da Lapa para a prática desportiva e promoção de eventos esportivos e culturais, como shows, por exemplo. É um amplo projeto que comportava eventos esportivos dentro da quadra, como: futevolei, duplas de vôlei, beach soccer e frescobol. Dentro do Rio Paraíba: Travessia de natação, regatas diversas, como: de laser, de remo, de caiaque, de caíque, desafio de jet sky e Wind surf. Na orla: apresentações de artes marciais, corridas rústica e procedimentos de medição de pressão arterial, glicemia e peso ideal. De um dia para o outro, ou seja, de sábado para domingo, um show popular regional.

Para tanto, o projeto previa a construção de uma “Arena Esportiva”, ou seja, uma infra-estrutura composta de arquibancadas, palco, quadra de areia macia e limpa e quiosques - que poderiam ser até tendas, para medições de pressão arterial, glicemia e peso ideal, através do fracionamento das medidas de composição corporal, de forma informatizada, para fornecer dados e dicas, com vistas à melhoria da saúde, bem estar e qualidade de vida da população.

Na ocasião, da elaboração deste projeto, apresentei-o a Carjopa, que tinha como então presidente, o empresário Marcelo Diegues. Marcelo adorou o projeto, porém a entidade que dirigia estava no seu começo e não dispunha de recursos capazes para transformá-lo em realidade.

Apresentei-o, então, a Kaiser, que após análise dos diretores da empresa, também fizeram uma avaliação positiva de sua execução, sugerindo, inclusive, que trouxesse a Dora Bria, campeã mundial na época de Wind Surf e, por demais, presente na grande mídia nacional, para agregar mais valor ao evento.

No entanto, a distribuidora da Kaiser estava em vias de mudança da nossa cidade e, o meu tão sonhado projeto, mais uma vez, ficou engavetado.

Quero registrar que este projeto foi apresentado a essas duas instituições e, deixado com os seus respectivos dirigentes, a cópia do mesmo. Esses empresários, em momento algum, se apoderaram do mesmo e, tão pouco, executou algo parecido com o que lhe foi apresentado e deixado com eles. Demonstraram ética, no sentido amplo da palavra.

Pois bem, na coalizão política partidária que o Prefeito Alexandre Mocaiber se propôs a fazer, o PSDB foi um dos partidos avocados a compor sua base política. O ex- deputado Paulo Feijó, embora na época sem partido, mas que apoiou o Prefeito Alexandre Mocaiber, no segundo turno das últimas eleições municipais, foi agraciado com a oportunidade de indicar um dos seus correligionários, para dirigir a Fundação Municipal de Esporte. Dessa forma, Feijó indicou o empresário e ex-sargento do Exército, Ivanildo da Silva Cordeiro, para assumir a pasta da Fundação Municipal de Esportes de Campos.

Minha expectativa foi tremenda, vibrei como se tivesse sido eu o indicado, uma vez que, tratava-se de um amigo de mais de 20 anos, que apoiei para deputado estadual, na campanha de 1995 ou 1996, não me lembro bem, e que sempre tive um excelente relacionamento de amizade comigo.

Contudo, minha decepção começou quando nem convidado para sua posse eu fui. Mas, não fiquei magoado, poderia ter sido esquecimento do amigo de mais de 20 anos. Quando o procurei para lhe requisitar um apoio para um evento aquático, o mais tradicional de Campos, que já desenvolvia há sete anos sem contar com o mínimo de apoio da municipalidade, minha decepção aumentaram um pouco mais. Dificuldades de todos os tipos foram, pelo presidente e seu tesoureiro apresentado, e o apoio, por mim, requisitado, tornaram-se quase que impossível.

O resultado é que não obtive o apoio para este tradicional evento, verdadeiramente de base, que fomenta a natação de nossa cidade, pois reúne em cada uma das suas etapas, uma média de 500 crianças, de faixa etária compreendida entre 1 a 18 anos, de mais de 25 Instituições, dentre as quais: projetos sociais, clubes, academias, condomínios, escolas públicas de variadas localidades, como Travessão e Martins Laje, e que sempre foi realizado com o maior zelo e organização. Todas as 31 etapas, ao longo dos 7 anos e meio de realização, foram coroadas de pleno sucesso. Foi uma falta de visão desportiva imperdoável do Presidente da FME e seu tesoureiro.

Em outra ocasião, fui até ao presidente da FME, requisitar um apoio para realização da 2ª Corrida de Travessão. Novamente, dificuldades outras, foram impostas. Mesmo assim, fui por diversas vezes à sede da FME, inclusive, certa vez, acompanhado da Diretora do Colégio Estadual Nelson Pereira Rebel, profª Zamite Barreto, para tentar o apoio, que só aconteceu quando procurei o Feijó e relatei as dificuldades que estava tendo para o meu pleito. Diga-se de passagem, que nesta corrida rústica a previsão de participarem mais de duzentos corredores se concretizou, e o próprio presidente da FME, foi testemunha ocular não só do quantitativo de participantes, mas da sua organização séria e profissional, com apuração informatizada, algo inédito em nossa cidade, e a presença de atletas de vários outros municípios. Ressalte-se, por importância, que neste evento a verba destinada mal deu para cobrir os custos da corrida e que foi gerenciada pela diretora da instituição. Só para reforçar: eu, Vitor, não ganhei absolutamente nada em termos financeiros, nenhum centavo. Ganhei sim, e fiquei imensamente satisfeito, a felicidade de ter realizado mais um importante evento esportivo, de inclusão social e de integração, que contou com a presença de componentes do Grupo da Terceira Idade de Travessão, e do maratonista mais idoso do mundo- Sr. Tuplet Vasconcelos (94 anos) - na minha carreira profissional.

Mas, a minha maior decepção foi quando vi aquele meu tão sonhado projeto da Arena Esportiva – O FESPORTE Campos, começar a ser executado pela FME, sem ao menos me ter conhecimento. Ao encontrar, por um acaso do destino, na Semana do Meio Ambiente, no Centro de Campos, já sabedor da intenção do presidente da FME, em realizar aquele evento, que lhe apresentei na véspera da sua posse, indaguei-o sobre seu procedimento antiético. O presidente, então, desconversou e mudou o assunto.

Como se não bastasse essa atitude antiética, que não condiz com qualquer ser humano, muito menos, com um Gestor Público, comecei a ser difamado por ele, com adjetivos pouco agradáveis, como: desequilibrado, doente e criminoso.

Mas DEUS é magnânimo! Consegui uma mão amiga na Secretaria de Indústria, Comércio, Turismo e Tecnologia, na pessoa do secretário, Dr. Rockfeller Felisberto de Lima, e de seu subsecretário, Sr. Marcelo Queiroz, dois jovens dinâmicos e de grande visão. “Abri” a porta do Turismo para realizar importantes eventos esportivos, que serviram de poderosas ferramentas, para se alavancar o Turismo em Farol de São Thomé e Lagoa de Cima, mobilizando os idosos de Campos e atletas de renome Internacional e de toda Região.

Aí minha decepção, já se configurando em mágoa, majorou, quando o Presidente da FME, talvez, envergonhado, enciumado, invejado, ou sei lá que sentimento baixo lhe possuiu, passou a tentar fechar as portas que abri na Secretaria de Turismo.

Graças a DEUS, essas suas atitudes só têm colaborado para que sua personalidade e caráter sejam, cada vez mais, do conhecimento público, não obtendo eco nenhum junto aos seus interlocutores, que estão constatando a seriedade e o profissionalismo que, modesta à parte, faz parte da minha personalidade e caráter.

E a Arena da Lapa, o meu “FESPORTE” Campos, que pena! Passou a ser considerado um Elefante Branco, estando na maior ociosidade há quase um mês.

Sua efetivação se constituiu num verdadeiro fracasso, executado nas “coxas” e em cima da hora, a dois dias do previsto, as festividades de São Salvador. De lá, para cá, a “Arena da Lapa”, ficou abandonada, a mercê de traficantes e de usuários de drogas da comunidade que controla o tráfico nas imediações.

Uma tristeza para mim e acredito, que para toda população campista. E o que agrava, mais ainda, essa situação, é que o “ELEFANTE BRANCO DA LAPA” está sendo bancado com o erário público, ou seja, com o meu dinheiro, com o seu e o de toda população de Campos.

Mas, como tudo na vida, é passível de mudanças, quem sabe o presidente da FME, não coloca a mão na consciência e vislumbre que tudo na vida é passageiro. Que não vale a pena ficar de “sapato alto” e jogar no lixo da sua vaidade as antigas, verdadeiras e fiéis amizades, construídas ao longo de décadas, com parceiros que começaram juntos, com todas as dificuldades e, como diz o dito popular: “comendo o pão que o diabo amassou”.

Que o Bom DEUS lhe abra seu coração e descortine sua visão obscurecida pela arrogância, ostentação, vaidade e presunção que o Poder cega.

Para finalizar quero dizer, que apesar da decepção e da mágoa que, no momento, sinto, não posso alimentar esses sentimentos dentro do meu Ser, sob o risco de não ser digno de galgar o Reino de DEUS e proporcionar combustível para qualquer tipo de doença. Torço pelo seu sucesso e, todos os dias faço emanações das melhores vibrações de positividade para o amigo Ivanildo Cordeiro.

Mas, por derradeiro, peço-lhe, encarecidamente, em nome de DEUS e dos meus quatro filhos: Ivanildo, deixe-me trabalhar!

quarta-feira, agosto 22, 2007

Desenvolvimento do esporte em Campos com oportunidades para todos: como começar?

Vitor Augusto Longo Braz
Profissional de Educação Física e Jornalista
Mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ


Ao fazermos uma abordagem em relação ao tema em questão, nossa principal finalidade é tentar contribuir de alguma forma para o desenvolvimento do esporte campista num todo. Dessa forma, toda a ideologia apresentada neste texto configura-se em pensamento próprio.

Pensamos no esporte como uma vertente da educação, ou melhor, consideramos o esporte como uma das mais poderosas ferramentas da educação, que leva a reboque de sua prática a qualidade de vida, a saúde, o turismo, a cidadania, o desenvolvimento econômico e a promoção social, onde as oportunidades oferecidas através da Educação Física são capazes de transformar cidadãos, aumentando a auto-estima, a capacidade e os horizontes através do esporte e atividade física e de lazer.

Na verdade o esporte brasileiro ainda é feito de ilhas de excelência, na grande maioria dos casos. Não existe uma massificação do esporte, no sentido de estar próximo das pessoas, estar nas escolas, fazer parte do cotidiano das pessoas. Acreditamos que o esporte tem que deixar de ser restrito a um espetáculo de televisão e passar a fazer parte do dia-a-dia das pessoas. Isso é essencial para a inclusão social, a auto-estima e outros fatores de formação dos jovens.

Mas para tentarmos desenvolver este tema, de forma pragmática, é necessário que apontemos algumas políticas públicas que visem o desenvolvimento do esporte como um todo.

Para isso, necessário se faz, que levemos em conta a dimensão territorial e habitacional de nossa cidade. Somos uma cidade de quinhentos mil habitantes em média, e de uma extensão territorial imensa. Temos que pensar em proporcionar oportunidades para todos os cidadãos campistas. Desde os que moram em áreas centrais, até aqueles que moram na periferia e distritos distantes como: Baixada Campista (Donana, Baixa Grande, Farol de São Tomé, Tocos, etc.), na Região Norte (Morro do Coco, Cons. Josino, Vila Nova, Travessão, etc.) e na Região Sul (Tapera, Ururaí, etc.).

Imaginem a quantidade de jovens em idade de iniciação desportiva, oriundos dessas localidades, muitos com talentos natos, que, no entanto, se encontram sem oportunidades e, dessa forma, excluídos de desenvolverem-se através do esporte e da atividade física. Não é raro vermos um, ou outro, atleta dessas localidades periféricas despontarem no cenário esportivo nacional, após passar de forma anônima pelo esporte em nossa cidade.

Por sermos uma cidade que proporciona poucas oportunidades para esses jovens se desenvolverem nos diversos campos sociais, em particular no esporte, torna-se comum eles migrarem para a região central da cidade em busca de subsistência própria e o de sua família. Nessa esteira de injustiças sociais esses excluídos, via de regra, passam a ser os chamados “meninos de rua”, que são discriminados e passam a ser um peso para a sociedade.

Nossa cidade conta com um potencial financeiro (estima-se que sejamos a 25ª cidade em arrecadação entre aproximadamente 5.565 cidades do Brasil e a 10ª em PIB, segundo foi noticiado recentemente), conta, ainda, com um potencial técnico (duas Universidades com cursos de Educação Física). Porém, o que é mais importante, no nosso entender, é a completa falta de infra-estrutura básica para permitir o desenvolvimento do esporte com um todo.

Não temos sequer uma pista de atletismo. Não temos sequer um ginásio público decente para atender as necessidades das poucas equipes de ponta de Campos.. Isto chega ser vergonhoso.

Mas olha só que paradoxo: A Prefeitura de Campos já teve um time milionário (atletas com grandes salários) de basquete masculino e um de vôlei feminino. Essas equipes treinavam em ginásios alugados, faziam a preparação física e técnica em ginásios alugados e jogavam em ginásios alugados. Pagamos caro por essas equipes durante alguns anos.

Mudou o governo e acabaram com as equipes. E aí a pergunta que fica: O que essas equipes deixaram para Campos, ou melhor, perguntando, qual foi o desenvolvimento que o esporte campista teve com essas equipes? Acabaram-se as equipes de ponta, não existe atletismo, falo em arremessos, lançamentos, saltos, corridas de pista, acabaram-se essas modalidades em Campos. Isso não é desenvolvimento, concordam? Mas gastou-se e gasta-se muito.

No nosso entender Campos precisava estar dotada de infra-estrutura capaz de atender a todos os cidadãos campistas, desde aqueles da área central até àqueles moradores das áreas periféricas mais distantes.

Falo em construção de complexos desportivos na baixada, em Guarus, na Região Norte, na Região Sul, além de uma Vila Olímpica nos moldes e padrões internacionais, que seja capaz de abrigar competições internacionais como algumas dos Jogos Pan Americanos.

Penso em um total de sete complexos: quatro na Baixada, dois na Região Norte, e um na Região Sul, além, como citei acima, uma Vila Olímpica nos padrões internacionais.

Vou mais a frente um pouco nessas minhas sugestões, para não dizer que sonho demais, ou sou utópico. Para se realizar um projeto decente e eficaz para o desenvolvimento do esporte em Campos, com a infra-estrutura necessária que citei, talvez não se gaste muito. As parcerias estão aí para serem consolidadas. Existe empresas que têm dívidas sociais com a cidade (Petrobrás, Águas do Paraíba, empreiteiras diversas, e outras que estão se instalando com incentivos do município).

Com um projeto sério e com vontade política tenho certeza que essas empresas gostariam de ajudar, até porque existe incentivo fiscal para empresas que investem no esporte.

Ta na hora da Fundação Municipal de Esporte parar de ser “cabide” de emprego e pensar grande. São décadas de atraso, basta olhar os municípios vizinhos e menores em extensão, população (quanto mais gente, mais possibilidade de talentos) e principalmente em arrecadação, como já se encontra Macaé, Quissamã e outros. E não adianta vir com essa que Campos é várias vezes campeã dos JAI, que isso é, para quem entende e quer ver a coisa de forma mais clara, uma tremenda hipocrisia. Comentário de fontes fidedignas afirmam que atletas profissionais de vários esportes, até com passagem em Olimpíadas, de outras cidades são contratadas para representarem Campos. Chega até ser uma covardia com as outras cidades. Aí se usa a mídia para fazer “estardalhaço” em cima da conquista, numa disputa desigual e covarde, ao meu entender.

Senhor presidente da FME, meu filho mais velho completou dezoito anos em junho. Sua geração passou sem ver esporte em Campos. Torço e faço votos que os meus (outros três) e os seus filhos não passem pelo mesmo. A responsabilidade é toda sua, enquanto gestor do esporte de Campos dos Goytacazes, uma da mais ricas cidades do país.

quinta-feira, agosto 02, 2007

A aviação, o lucro, a imprensa e a gestão no Brasil

Luiz Felipe Muniz de Souza
Advogado, psicopedagogo, terapeuta e industriário.

e-mail: lfmunizz@gmail.com

Não há dúvidas de que a indignação tomou conta do Brasil após mais uma tragédia de proporções cinematográficas! O relevo escarpado da ocorrência em meio a uma já anunciada e frenética crise de todo o setor da aviação civil dá sinais inequívocos de que os erros, as falhas, as omissões, a desordem, a ganância, a irresponsabilidade civil e penal – pública e privada - se somam e se aglutinaram no tempo de vários governos e no espaço das instituições envolvidas, e como um câncer está matando, infernizando famílias e afetando a frágil estabilidade político-econômica do país.

Graças a muitos interlocutores da grande mídia, as informações preliminares já apontavam os responsáveis por mais esta desgraça: o Governo Federal. No olho do furacão, o desespero e a dor dão as cartas, surpreendem e comovem todos nós!! É verdade, o Governo Federal é o culpado! Todos, até o Presidente da República parecia entoar este cântico das tormentas, quando não veio de imediato a público prestar esclarecimentos e solidariedade aos familiares! Até por que nós fomos treinados para acolher como verdade tudo aquilo que os tele-jornais publicam; temos preguiça nata por outras fontes! Agora, a CPI do “Apagão Aéreo” deixa vazar dados da “caixa preta” onde há fortes indícios de que teria havido falhas dos equipamentos de frenagem associada à falha humana, com base no diálogo entre os pilotos e a torre de controle do aeroporto..., mas é tarde!

Inúmeros pilotos e tripulantes da TAM e outras companhias pediram demissão ou entraram com licença médica alegando excesso de trabalho, condições precária dos equipamentos e problemas psicológicos, fatos largamente publicados nos jornais de circulação nacional nos dias seguintes ao acidente, mas que tiveram pouquíssimo espaço na grande mídia televisiva. A TAM expediu pedido quase desesperado de ajuda aos seus funcionários de férias e convocou todos que estavam de folga para atender ao caos que se instalou nos dias subseqüentes.

Enquanto isso especialistas de toda a ordem se manifestam por todo o canto do país. Na revista “Época” de 23/07 o doutor em Ciência Política da FGV, Fernando Abrucio, com o título: “Congonhas mostra o colapso do Estado”, diz que “o Brasil passa por um colapso de sua infra-estrutura” e que há “um descompasso entre o avanço da economia e a incapacidade do governo”. O editorial da Folha de São Paulo do domingo 29/07 estampa a crise aérea como “dor de crescimento”, segundo ele o “vigor econômico já pressiona infra-estrutura além dos aeroportos” e que “uma abertura geral do setor de infra-estrutura ao capital privado seria uma saída óbvia para conciliar o interesse desses agentes aos do país.”

A bem da verdade deve ser dito alto e em bom tom que boa parte do Serviço Público praticado hoje no Brasil, em todos os níveis da Federação, está mergulhado no amadorismo. Entendendo amadorismo como o exercício de uma atividade técnica ou administrativa sem quaisquer critérios prévios de padronização ou normatização, capazes de nortear objetivos e fins a serem cumpridos por um agente público num determinado espaço de tempo. Se não há padrões a serem cumpridos nem normas a serem atendidas, não há fiscalização e nem responsáveis, enfim, não há gestão que dê conta dos sabores da pessoalidade na administração da coisa pública. Esta é a política do quanto pior melhor, muitas empresas privadas se beneficiam e abusam desta lógica nacional para abocanhar mais divisas e assim, colocam em risco os usuários de seus produtos ou serviços!

O amadorismo que se pratica no Serviço Público é um vício patrocinado pela classe política que tem um pé na iniciativa privada e que deseja enfurecida o vigor frágil do “Estado Mínimo” e Míope. É inconcebível que a indústria da aviação civil não possua hoje instrumentos próprios e eficazes de auto-regulação e autocontrole de todo o seu processo com vistas à segurança operacional de suas aeronaves e instalações, de seus usuários e demais interessados e ou envolvidos, como hoje transparece para a sociedade brasileira.

Quando defeitos e ou registros de falhas de equipamentos ou instalações vitais não são tratados com o rigor que o processo requer ou deveria, então a última palavra ficou por conta tão somente da demanda, ou do fluxo de caixa, ou dos aspectos políticos, ou da decisão própria daqueles que entendem que administrar ou liderar é “assumir riscos”.

Para entender, respeitar e tratar os sinais de deterioração do Estado Brasileiro e das Instituições Públicas e Privadas é preciso muito mais do que títulos e arautos televisivos, a nação requer urgentemente uma nova gente para a ação e a administração da coisa pública, o tempo urge e o vento sopra contra nós!!