terça-feira, setembro 01, 2009

O Brasil, os internautas e a imprensa

Luiz Felipe Muniz de Souza, advogado e ecologista -
lfmunizz@gmail.com - http://luizfelipemuniz.blogspot.com/ ;

Antes de tudo é preciso que se diga logo aos empresários da tradicional mídia brasileira, e aos seus respectivos chefes de redação, que os internautas não estão, de forma alguma, em uma cruzada pela extinção dos jornais ou de qualquer outro instrumento pertencente ao atual modelo de comunicação de massas, muito pelo contrário! Eu ainda não consigo imaginar o mundo de hoje sem o fundamental papel das grandes agências de comunicação!

Entretanto, também é preciso dizer ao mesmo tempo, que a informação não é algo de domínio privado das empresas de comunicação, e que ela é um elemento de livre circulação em qualquer ambiente social e comunitário, como são as redes virtuais na Internet – Blog’s, Twitter’s, Facebook’s, etc –, não se encontrando mais (a informação), portanto, absolutamente atrelada a uma única e exclusiva fonte ou a uma determinada e única maneira de interpretar os fatos geradores e as suas conseqüências no mundo veloz de agora.

Ou seja, estamos inaugurando um momento único na história da humanidade, onde a tecnologia propicia a livre circulação de todos os sujeitos e atores pelo mundo do conhecimento, e estes se encontram literalmente livres para expressar e compartilhar com todos, ao mesmo tempo, os seus entendimentos e as suas opiniões sobre um mesmo e determinado ato e ou fato social, na ótica de seus próprios valores e experiências, à velocidade de um “click” – da luz propriamente.

Os jornais e a mídia em geral, na verdade, desempenham – e devem continuar desempenhando – um papel público de relevância reconhecida, na busca e divulgação da informação. Mas a própria formatação da divulgação, todos sabemos, passa pelo crivo subjetivo de quem divulga...e quem divulga também insere, tanto na interpretação como no formato do registro dos fatos sociais e políticos, os seus próprios valores e interesses, pessoais e corporativos – não há como fugir disso! Prevalecerá, no verdadeiro “mercado” da opinião pública, a versão mais transparente, a versão mais carregada da maior valia social!

Qualquer curioso que hoje entrar na Internet e vasculhar um pouco além do Orkut, do Msn e dos fóruns de bate-papo atrás de um novo relacionamento “interessante”, irá se deparar com um verdadeiro mosaico de notícias, de informações e de contra-informações no campo das discussões partidárias, políticas e econômicas do mundo e do Brasil – em particular – envolvendo de um lado uma legião de internautas autônomos, independentes e articulados – boa parte deles nos blog’s –, e de outro, as tradicionais redes de telejornais com os seus exércitos de profissionais jornalistas / repórteres e os seus vínculos históricos, por vezes ocultos, com as classes sociais mais afortunadas de nossa velha e carcomida República.

Todo o contexto informativo que tiver como meta e alvo a opinião pública, a partir de agora, terá que saber navegar muito bem neste cenário de complexidades diversas em expansão geométrica. Caso contrário correrá o risco, aí sim, de ficar de fora desta nova experiência da cidadania brasileira e mundial, em sua busca incessante pelo aperfeiçoamento da democracia na face da Terra.

Se por um lado toda a história brasileira, desde o Brasil Colônia, nos traz registros inequívocos da corrupção endêmica junto às instituições públicas, que vem sendo praticada por gerações e gerações de lideranças políticas em simbiose orgânica com os meios de comunicação de massas, nutrindo na cidadania brasileira uma idéia equivocada de Estado para uma minoria de privilegiados, em detrimento e desrespeito descarado para com a grande maioria da população carente...por outro, a presença hoje da Internet e de suas ferramentas fantásticas de comunicação e de expressão, somada à forte inclusão social dos últimos anos no Brasil, representam de fato uma revolução colossal!!

A questão é que acabou o tempo da obscuridade e dos sentidos ocultos na sociedade pós-moderna, o tempo agora é o da Transparência e o da Ética... valores que também se impõem às organizações e às instituições de comunicação pública!

Segundo o Jornalista Carlos Castilho, em recente artigo publicado no Observatório da Imprensa:“Transparência é saber, por exemplo, quanto um jornal ou emissora de televisão deve ao governo ou a bancos privados, qual a composição acionária da empresa ou os interesses corporativos e financeiros de seus proprietários, quais as ligações comerciais, institucionais e familiares dos jornalistas que compõem a redação de uma televisão ou de uma revista.”

Já se torna comum, nos dias de hoje, a construção participativa de Códigos de Ética em empresas e em instituições públicas, e talvez esta também seja uma boa saída para os empresários da grande imprensa, tornando público de antemão os valores buscados e elencados por sua corporação. Nas palavras de Castilho em recente publicação:

“Os códigos de ética participativos são desenvolvidos por funcionários e proprietários de órgãos da imprensa com o objetivo de criar parâmetros consensuais capazes de ajudar na tomada de decisões sobre o que divulgar ou não — e como — em jornais, revistas, emissoras de rádio ou de televisão.”

Não é uma tarefa simples imaginar como ficará o cenário da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão no Brasil, particularmente agora, em que o país se vê sem a Lei de Imprensa (revogada) e com a profissão dos jornalistas desregulamentada pelo Supremo Tribunal Federal, emitindo sinais poderosos de que há uma metamorfose convulsiva se processando. Independente disto, o fato concreto é que, tanto as mídias sociais como a imprensa tradicional, todos estão irremediavelmente atrelados no atual espectro da opinião pública brasileira em formatação! Ainda veremos muito mais, tenho dito!

domingo, junho 28, 2009

Como nasce uma nova ordem?!

Luiz Felipe Muniz de Souza
Advogado e Ecologista -
lfmunizz@gmail.com - http://luizfelipemuniz.blogspot.com/
Campos, 28/06/2009.

Nas últimas semanas o Brasil foi o protagonista de uma novíssima “ordem” mundial, se é que podemos assim tratar!

Pois foi no meio de ardilosas manobras político-eleitorais e de jogos empresariais gananciosos, sitiados na capital do Brasil – hoje entre as quatro nações mais importantes do pós-crise “financeira” mundial, junto com a China, a Rússia e a Índia –, que a maior empresa brasileira lançou o seu Blog: Fatos e Dados para um diálogo aberto, sem atravessadores, com a sociedade brasileira. Um sucesso imediato!

Independente da chiadeira geral dos “donos” das mídias globais por aqui e acolá, acostumados e ancorados na certeza de um poder atrelado aos favores e às trocas de interesses com as elites políticas entreguistas, o fato concreto é que a Petrobras desferiu uma jogada de mestre num tabuleiro viciado, com pedras carcomidas por uma retórica ultrapassada e nada transparente.

Sendo eu um petroleiro concursado não significa que concorde com tudo que é dito e praticado pela Petrobras, mas sinto-me no dever de externar publicamente a minha enorme satisfação e o meu orgulho com esta postura independente, corajosa e moderna, assumida por esta empresa genuinamente brasileira. Eu mesmo já estou na blogosfera desde 2006 e penso que a transparência, alem de uma virtude, é a grande urgência do momento na democracia.

A informação, minha gente, é um bem universal e na Terra ela é a fonte originária e fundamental de toda a vida como a conhecemos! Os seres unicelulares primordiais – há mais de 3,5 bilhões de anos atrás – alavancaram todo o processo evolutivo, até os dias atuais, ao desenvolverem sim a capacidade ímpar de acolher, tratar, armazenar e transmitir geneticamente as informações que circulam e retro-alimentam toda a biosfera. Essa, a bem da verdade, é uma maneira bastante simples de entender o magnífico poder, de evolução e de transformação, oculto nas informações... daí o imenso interesse dos políticos em possuir redes de TV, rádio e jornais... mas hoje eles estão atordoados com os instrumentos da Internet à velocidade da luz!

Mesmo que ainda tenhamos que conviver com o berro, ainda sem resposta, como por exemplo, das comunidades pesqueiras de Gargaú e região, que reclamam – com razão – pelo sumiço dos pescados, provocado por um suposto aterramento de corais em alto-mar promovido pelas empresas do mega-especulador Eike Batista – coroado como “Barão” pela Prefeita de São João da Barra, que hoje está com ele e o Governador Sérgio Cabral na China, atrás de mais empenhos internacionais... – na construção do Porto do Açu... o fato é que os acontecimentos atuais estão exigindo muito mais destas lideranças – políticas e empresariais atoladas num passado de aparências, de dominações e de omissões – do que elas estão afim de disponibilizar!

Vejam só o que está ocorrendo agora com o Senado Federal, meses atrás estava na Câmara dos Deputados... a cada dia surge uma nova denúncia de abuso de poder e de práticas de corrupção absurdas no coração da democracia brasileira, envolvendo a maioria dos congressistas e uma legião de “servidores públicos”...pois bem, imagina só como não estariam as nossas mais de 5(cinco) mil Câmaras de Vereadores!? Não há Polícia Federal, Ministério Público e Poder Judiciário que dê conta!

Se para muitos brasileiros há uma crise institucional se instalando veloz na República, para os que conheceram os horrores da ditadura, os sinais atuais já indicam a urgência de uma Nova Constituinte, para uma Nova Ordem, e, para a tão esperada Reforma Política, Tributária e Jurídica em tempos de um Brasil muito mais “on line” e mundializado como o de agora! Já somos mais de 65 milhões de internautas!

Como a nossa memória coletiva é curta e o tempo continua sendo o melhor amigo dos criminosos, agora em nossa Campos dos Goytacazes alguns novos abnegados, e outros nem tão novos assim, estão tentando re-construir uma idéia de Controle Social e de transparência dos gastos públicos municipais, por meio da convergência de vários setores da sociedade civil – tudo bem, ótima iniciativa e o primeiro passo já foi dado com a bem sucedida “I Conferência Local de Controle Social” realizada no IFF –, mas é preciso que se diga: ainda falta muito por aqui!

Numa terra que virou manchete nacional por vários meses, e ainda hoje nos atormenta, devido aos escândalos de corrupção envolvendo boa parte das lideranças políticas e empresariais, promovendo um atraso repugnante de nossa sociedade campista, e onde importantes segmentos de representação de classes, como por exemplo: a OAB, o CRM, a Sociedade de Medicina, o CDL, o CREA, o CRO, a ACIC, os Sindicatos dentre outras, não deram qualquer visibilidade pública e formal de suas posições de indignação e repulsa a respeito daqueles fatos horrendos, eu fico a pensar: quanto tempo ainda será preciso para que de fato uma NOVA ORDEM se instale entre nós?!

quarta-feira, junho 03, 2009

Implacável metamorfose

Luiz Felipe Muniz de Souza
Advogado e Ecologista
lfmunizz@gmail.com
http://luizfelipemuniz.blogspot.com/

Quando os assuntos do dia-a-dia se sucedem num furor incapaz de ser acompanhado pelas mentes medianas mais antenadas – hummm!! –, sem dúvida, são os sinais indeléveis de um tempo em mutação radical, rasgando as histórias pessoais e coletivas, fazendo de cada um de nós os seus protagonistas mais talentosos ou as vítimas mais ingênuas do agora!

Não creio que teríamos pensado num sertão nordestino farto em águas torrenciais em tão pouco espaço de tempo! As inundações e a destruição por lá só não são maiores do que em Santa Catarina, porque a nossa mídia não privilegia o que ocorre com os pobres brasileiros mais ao norte. Tomaram alguma medida somente após o rompimento catastrófico de uma barragem – construída para reserva de água doce em terras ressequidas pela aridez histórica –, que matou gente e animais e que exterminou vilas e comunidades inteiras ao longo de mais de 100 km de uma língua d’água em pleno leito trincado!

A seqüência de eventos fora do que poderíamos classificar como normais é fabulosa. Somente para ficar num exemplo do clima recente do continente Americano, registramos que desde os magníficos e destruidores furacões Katrina e Wilma em agosto e setembro de 2005, e a seca impensada, logo após, na Bacia do Amazonas, que muitos estudiosos dizem que “o futuro já chegou e há algo fora de ordem”.

Mas os fatos não dão trégua. Na área sócio-econômica os índices de desemprego na Europa são recordes, nos EUA os ícones do capitalismo americano desabam a cada dia, registrando por último a GM e o Citigroup como despejados do índice Dow Jones e estatizados pelo governo de Obama. Enquanto isso, no Brasil uma revolução oculta está em curso, tanto na área social como na área econômica, deixando boa parte das elites políticas – tradicionais e dominantes – enlouquecida com este Brasil menos colônia, mais democrático, menos manipulado, mais transparente, menos omisso, mais justo, menos mídia de massa, mais Internet e mais dono do seu nariz!

Em recente publicação, Kofi Annan (ex-Secretário-geral da ONU), lança um alerta sobre os milhares de mortos anuais, diretamente relacionados com as mudanças climáticas, traçando um cenário de evidentes potencialidades de ocorrência para os próximos anos. Quando interligamos informações como esta com as sucessões de fatos trágicos da atualidade, não fica difícil “lincar” a complexa questão ambiental, que está por trás de boa parte dos acontecimentos atuais.

As empresas, os governos e a sociedade em geral já sabem que não há como crescer exponencialmente rumo ao infinito, como afirmavam os modelos insustentáveis do neocapitalismo. Sabem também que será preciso um esforço descomunal para surgir um novo “modus” de ser e de estar neste planeta, daí a enorme mutação em jogo...

Os nossos modelos de desenvolvimento e os nossos modelos de pensamento estão atrelados a valores absolutos com itens pouco mutáveis, exatamente num planeta agora, em franca transformação metamorfósica. Será inevitável! Ou nos adaptamos ou seremos eliminados do processo! O que não podemos mais é desprezar o tempo que corre contra todos nós. As urgências na adaptação são evidentes e muitos já sentem na pele os seus efeitos.

Até na última triste tragédia aérea com o avião da Air France, há fortes sinais de que a indústria da aviação mundial está agora diante do primeiro grande evento trágico resultante de fenômenos atmosféricos incomuns, na mesma seqüência e proporção das tormentas pluviométricas que atingem o nordeste brasileiro – e que atingiram o sudeste recentemente –, ou seja, as mudanças climáticas fazem as suas primeiras vítimas fatais na aviação comercial internacional!

Eu penso que ainda teremos grandes surpresas com esta veloz metamorfose inevitável. Por todo o canto do mundo ações já estão, e deverão continuar, emergindo na busca de novos caminhos, mas é bom que se diga: o tempo urge e não será fácil para ninguém!

quinta-feira, abril 30, 2009

Pandemia da ignorância

Luiz Felipe Muniz de Souza
Advogado e ecologista
lfmunizz@gmail.com ; http://luizfelipemunizdesouza.zip.net/
28/Abril/2009

Muitas pessoas se perguntam hoje: o que há com o tempo? Por que será que o dia nos foge como água entre os dedos e não conseguimos realizar boa parte de nossos planos? Estamos com isso permitindo o avanço gradual e sistemático da ansiedade, do estresse e da incompreensão?

Existem teses mirabolantes tentando tratar do tema, algumas até se reportam a um fenômeno denominado “Ressonância Schumann”, que teria como eixos centrais: a Ionosfera, a superfície da Terra, a Biosfera, a degradação ambiental e o movimento de rotação do planeta. Entretanto, tal assunto eu não irei abordar aqui. Se você ficar curioso, tente uma breve pesquisa no “google”, você irá gostar, acredite!

O que me chama mais atenção hoje, na verdade, é o avanço desmedido da ignorância associada à velocidade da informação! Não aquela do ignorante porque é abrutalhado, traçado para lutas medievais – esta também avança –. Mas aquela que vem se ampliando e transformando, velozmente, as nossas crianças e jovens, em seres alienados e que ignoram absolutamente a realidade terrena da humanidade e a dimensão espaço / tempo da Terra.

No âmago da velocidade das informações, e dos fatos pós-modernos, há uma inegável pandemia da ignorância invadindo e solapando a sociedade humana, como uma febre. Por mais que a Internet facilite os acessos, as redes neurais – em nosso cérebro – formatadas por nossas famílias e nossas escolas, não assimilam a informação como mais um componente para o conhecimento. Pelo contrário, as informações são mais importantes. Elas são postas em série, como tábuas rasas flutuantes, desconectadas entre si na imensa superfície de um mar desconhecido, de competições pessoais e de possibilidades virtuais intangíveis, rumo a um futuro, sempre maior e glorioso – ad infinitum –!(?) Do conhecimento de fato, pouco sobrevive!

Enquanto as autoridades elaboram estratégias de ações na árdua tarefa de combate à fenomenal crise sistêmica atual: a financeira, a política e a ecológica, por meio de modelos ultrapassados e insustentáveis – porque privilegiam o poder, o mercado e o lucro em detrimento dos valores humanos e ambientais mais prementes –; os demais bilhões de humanos, particularmente os jovens, assistem atônitos, apáticos e impotentes aos reveses radicais do avanço da incompreensão entre os humanos, do desemprego, das gripes dos “porcos”, das tormentas climáticas, dos suicídios absurdos entre jovens índios brasileiros, da pobreza infernal em escala global, do avanço feroz da insegurança pública, etc.

Seria belo, se não fosse trágico, assistir os nossos jovens, meninos e meninas adormecidos pelos sonhos virtuais desconexos, seja em baladas ou em buscas pela arte mais radical, ou pela música perfeita ou ainda por experiências sexuais mais transcendentes, etc. Mas o que se passa agora é irremediável! A humanidade em risco iminente, diante das mudanças ambientais e sociais inevitáveis, requer a urgência de mentes complexas, sábias, tolerantes e capazes de se articular, para tentar dar conta dos mínimos na ousadia do caos...Entretanto, perdemos os rumos e tudo indica o final de um tempo!

Os nossos jovens abandonaram “o front” dos movimentos naturais de renovação e aperfeiçoamento sociais – vitais para o prosseguimento de nossa espécie –. A visão crítica natural e os ideais inovadores lhes foram tomados pela torpeza das gerações anteriores, e como órfãos abandonados na ignorância dos tempos, optaram pelos prazeres mais fáceis da droga entorpecente, do consumo excessivo e do sexo precoce desmedido. Ao mesmo tempo, os velhos pensadores e ativistas de outrora não mais seduzem e nem mais esboçam sentidos coletivos de mobilização. Eles também envelheceram e perderam os rumos em egos demasiados ou em instâncias do Estado decadente. As Famílias? Nem pensar, elas foram decapitadas! Por outro lado, a Imprensa mantém-se fiel aos donos do capital, enquanto as Igrejas, retardam o motim social dos que estão às margens do mercado!

Daí o abissal distanciamento do agora, do sentido de tudo – em nossas vidas pessoais e coletivas –, do o quê fazer diante de tanto o quê fazer, num contexto humano e num tempo planetário, incertos e incapazes de se afinar!?

É provável que os jovens, por intuição, estejam de fato respondendo à altura da aspereza da magnífica tarefa a ser cumprida por todos e por cada um, quem sabe?! Talvez! Afinal, diante das hordas corruptas e gananciosas, liderando profundamente nas entranhas da sociedade pós-moderna em ruínas, somente aguardando o fim da “festa”, para, entre possíveis sobreviventes bêbados e maltrapilhos, tentar um reencontro com Gaia! Alguns afirmam: “Será por demais tardio!”.

quarta-feira, março 25, 2009

Os especuladores e o trabalho no Brasil

Luiz Felipe Muniz de Souza
Advogado e Ecologista
lfmunizz@gmail.com
http://luizfelipemunizdesouza.zip.net/
Campos, 21/03/2009.

Levei anos para começar a entender as lógicas do mercado e dos especuladores mundo afora, e continuo aprendendo. Passei por caminhos complexos num sistema educacional pouco visionário, numa sociedade praticamente manipulada pelos poderes, quase absolutos, dos grandes veículos de comunicação de massa – como a grandiosa Rede Globo – e numa região castigada, historicamente, pelo coronelismo político em simbiose perfeita com uma indústria canavieira estagnada no séc. XVIII.

Não fosse a oportunidade criada, nas décadas de 70 e 80, pela Petrobras na Bacia de Campos, tanto eu como centenas de outros jovens técnicos, formados pela antiga Escola Técnica Federal de Campos – ETFC, estaríamos à mercê dos refluxos perversos do capital e do mercado. Poucas famílias da classe média tinham, naquele tempo, visão e ou condições de oferecer aos seus filhos outras oportunidades de prosseguir os estudos na capital do Estado. Assim, a expansão da Petrobras no norte-fluminense foi, desde então, a possibilidade real de redenção, no interior do Rio de Janeiro.

Em 1979 eu ingressei como técnico na antiga Companhia Brasileira de Energia Elétrica – CBEE, que depois passou a ser CERJ – Companhia de Eletricidade do Estado do Rio de Janeiro, naquela ocasião uma empresa estatal vinculada ao Estado do Rio. Saí da CERJ (1982) antes dela ser privatizada, anos depois, por um grupo chileno. Logo que assumiu, demitiu 80% da força de trabalho (anos 90), trazendo alguns profissionais do Chile para operar, em nome da “eficiência” e da “redução de custos”. Vi o mesmo acontecer com os técnicos da antiga TELERJ, uma empresa estatal de telefonia do Estado do Rio, também privatizada, que promoveu demissões em massa, terceirizando apenas alguns daqueles que já eram funcionários.

Se a turma do Fernando Henrique Cardoso tivesse emplacado mais um mandato em 2002, na Presidência da República, a Petrobras teria sido privatizada, sem sombra de dúvidas, bem como Furnas e o Banco do Brasil, dentre outras, e tudo isso com o apoio irrestrito da Rede Globo, comandada pela formadora de opinião, Miriam Leitão e cia. Penso que o Brasil estaria hoje em péssimos lençóis!

Em recente artigo publicado pelo Jornal do Brasil (06/03/09) na coluna “Coisas da Política” o sempre antenado e brilhante Mauro Santayana, comentando sobre o pronunciamento do Presidente Lula, a respeito da crise financeira mundial, no Conselho Federal de Desenvolvimento Econômico e Social (no dia anterior), afirma categoricamente:

O presidente poderia ter sido mais veemente, ao se referir ao governo anterior, mas diluiu a sua crítica dentro do contexto da globalização neoliberal. Ele poderia ter dito, por exemplo, que com todas as dificuldades brasileiras naquela quadra, o país era dos poucos que dispunham de condições para resistir aos ucasses de Washington. Mas ocorreu o contrário: cumprimos, sem reservas, as “lições de casa” cobradas pelo Consenso de Washington.”

Desde que o tremor desta crise global foi sentido em todo o planeta, a partir do último trimestre de 2008, cujo epicentro foi e é a velha famosa: Wall Street em Nova York, que os formadores de opiniões “globais” do Brasil, encabeçados pela Miriam Leitão, vêm demonstrando uma enorme frustração, uma surpresa estupenda com o “deus mercado”, agora encarnado! Eles (particularmente ela) mergulharam numa depressão juvenil, tamanho o gigantismo dos absurdos das fraudes construídas e arquitetadas pelos especuladores-mor em trilhões de dólares, logo lá(?): no ninho das águias de cabeça branca! Os “caras” sempre foram tidos como “o exemplo” a ser seguido!(?) Aquilo sim é que é sociedade livre e democrática?! O mercado é de fato quem regula o capital e o trabalho!?

As bases atuais do sistema neocapitalista ruíram de fato e de vez sim! Mesmo que, para alguns, o entendimento seja no sentido do papel cíclico e renovador do sistema. Pois eu diria, que o custo sócio-ambiental tem sido insuportável para bilhões de humanos, em particular para os pobres, os trabalhadores e para a biosfera.

O próprio verbo “especular” já inspira em si mesmo uma idéia de não-trabalho, de falsidades, de enriquecimento fácil e de espertezas antiéticas, onde somente estruturas estatais seriam competentes para o controle da ganância, sempre ilegal, presente e oculta na fachada elegante desta gente. A mesma que conseguiu a façanha de um rombo de trilhões de dólares e que vem fazendo da insanidade burguesa, da irresponsabilidade coletiva e da fraude sem limites, os objetos de desejo, mais adorados, pela maioria dos formadores de opinião em todo o mundo!

O Mauro Santayana finaliza o seu texto, de dias atrás, afirmando o seguinte sobre o governo Fernando Henrique Cardoso, o Consenso de Washington e a Crise atual:

O Estado se demitiu de seus deveres para com o povo, a fim de garantir a liberdade irrestrita do mercado. O governo privatizou o que quis, violando todas as regras do bom senso e da ética, desfazendo-se de um patrimônio construído por todas as gerações de brasileiros, a troco do desemprego, do endividamento, da miséria. Disse o presidente que a crise não pode ser pretexto para mais sacrifícios dos trabalhadores, e só com investimentos maciços e diretos do Estado será possível recuperar os empregos e, com eles, os salários perdidos nos últimos meses.”

Não fosse a obstinada e perseverante luta dos trabalhadores brasileiros em prol das conquistas legais e dos direitos sociais numa atmosfera de Estado Democrático de Direitos e Deveres, o Brasil não estaria hoje sendo visto pelo mundo como uma ilha de prosperidade e de segurança financeira. A riqueza gerada por aqui é fruto do suor de milhões de anônimos(as) brasileiros(as), que persistem e superam, noite e dia, na árdua labuta de quem privilegia o trabalho, a alegria e a fé no amanhã, em detrimento à violência e ao caos social. Mesmo tentados, permanentemente, pelas mazelas abissais da corrupção crônica e descarada, que insiste em se alastrar pelos meandros do público e do privado, e, que perpassa, há décadas, todos os Poderes da República!

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Acabaram com a Corrida de Santo Amaro?

Vitor Augusto Longo Braz
Presidente da Associação dos Profissionais de Educação Física de Campos (1996 – 2000)
Membro do Conselho Regional de Educação Física – CREF 1 (1999 a 2002)
Professor do IFF (Cefet Campos)

Há alguns dias neste espaço manifestei minha preocupação com a não realização de um evento esportivo dos mais tradicionais de nossa cidade: a Corrida de Santo Amaro. Criada e executada por muitas décadas pelo saudoso desportista Juca Soares, um dos maiores incentivadores do esporte em Campos e que, diga-se de passagem, quando o esporte acontecia e não carecia de recursos públicos.

Pois é, este ano a tradicional Corrida de Santo Amaro não acontecerá. Alegaram na rádio Campos Difusora que era necessário exame, ou atestado médico para os interessados em participar da tradicional prova se inscreverem. Ora, nem as maiores corridas e/ou maratonas do mundo fazem essa exigência. Pelo que sei os participantes preenchem uma ficha de inscrição que já vai com um termo de responsabilidade. Por outro lado, qual médico se arriscaria dizer que fulano ou sicrano não terá algum problema no decorrer da prova. Ademais, quantos interessados em participar das prova teriam condições de conseguir tal atestado médico exigido?

Anunciaram uma maratona (42.195 Km) para o dia 15 de fevereiro. É bom que se saibam que em Campos dá para se contar nos dedos de uma só mão o número de atletas que são treinados e capazes de completar uma prova tão extenuante como uma maratona. E será que os atletas, especialmente os de fora (de outras cidades) que vierem disputar o prêmio (din-din) trarão exame médico?

Não é minha intenção pressionar uma gestão que começou praticamente há alguns dias, tão pouco enfraquecer quaisquer gestores, mas por coerência e dever, como desportista e amigo dos atletas de corrida de rua de Campos, manifesto-me quanto a tamanho descaso e desculpas esfarrapadas pela não realização de um evento esportivo tão esperado e tradicional de nossa cidade.

Por último gostaria de dizer que torço e gostaria que o Governo Rosinha seja considerado o Governo do Esporte "Para Todos". Mas o saudoso Juca Soares deve estar de joelhos pagando penitência a Santo Amaro.