sexta-feira, setembro 21, 2007

Resposta a artigo sobre Transporte Público em Campos

No dia 11 de maio, este blogueiro, publicou no jornal Folha da Manhã de Campos o artigo “Emut – hora de abrir caminhos” que você pode reler clicando aqui. Como consequência dele recebeu um e-mail do senhor Sérgio Belém de Morais, diretor da Viação Tamandaré Ltda. cujo texto este blog acaba de transcrever abaixo:

11/05/2007

Sr. Roberto,

"Em sua matéria da Folha da Manhã de hoje, pude sentir um misto de alívio e contrariedade.
Alívio, quanto ao que foi dito sobre a má alocação do “presidente” da EMUT e sobre o “diretor” deste órgão; é a mais pura verdade e o que vem contribuindo substancialmente para a situação em que se encontra o transporte coletivo e o trânsito neste município.

Contrariedade, quando foi dito que o transporte coletivo não é eficiente e que deveria ser municipalizado temporariamente e depois devolvido às empresas.

Ora, se esta cidade se mostra acéfala em tantos setores, sem conseguir uma gestão eficiente em nenhuma área, como atribuir mais este encargo? Acredito que a idéia de “tomar” o negócio de quem não tem culpa é uma arbitrariedade de fundo ditatorial. Mesmo porque, não se trata de incompetência dos donos, que vivem neste ramo a gerações. No caso da Viação Tamandaré, vale ressaltar que pertence a um grupo que atua neste ramo com empresas na Bahia, Grande Rio, São Paulo e Minas Gerais, com uma frota total de 900 ônibus e 2500 empregos diretos. Portanto, não acredito que sejamos incompetentes.

Necessário é esclarecer, se o senhor tem conhecimento dos problemas que assolam o transporte regular nesta cidade.

As rádios ilegais existem, em diversos bairros, pelo motivo do “mau serviço” prestado pelas legalizadas?

O jogo do bicho, os bingos ilegais, caça níqueis, existem porque as loterias são ineficazes?

A invasão de camelôs e barraquinhas de alimentos por toda a cidade, deve-se ao fato do comércio regularizado não atender bem a população?

Obviamente que alguns “espertos” descobrem filões por onde ganhar dinheiro fácil, às margens da lei e não importando a quem prejudiquem, aproveitando a desestruturação e o consentimento politiqueiro do poder concedente.

Dizer que o transporte clandestino invadiu as linhas, pelo motivo das empresas regulares prestarem um mal serviço, também é uma inverdade.

É sabido que, quem utiliza o transporte clandestino, tem parentes que utilizam gratuitamente o transporte regular, seja estudante, idoso, deficiente físico ou, o que é comum encontrarmos, passes “provisórios”, fornecidos a vontade, pela EMUT.

Nenhuma empresa de transporte coletivo gostaria de deixar a desejar no tratamento aos usuários, que diretamente financiam o nosso negócio, mesmo porque seria idiotice.

O objetivo da VIAÇÃO TAMANDARÉ LTDA, é dar um tratamento de qualidade aos usuários, valendo ressaltar que nossos funcionários constantemente fazem cursos de direção defensiva, relações humanas, etc, sendo orientados de que os usuários estão em 1º lugar.

Trabalhamos com uma das tarifas mais defasadas do país, segundo revistas especializadas, sendo que os insumos básicos que compõem nossos custos não deixam de ser reajustados periodicamente. Estamos na “terra do petróleo” e pagamos mais caro pelo diesel do que em muitas cidades do interior do país.

Nos últimos anos, tivemos uma queda enorme de usuários pagantes, pelo motivo da invasão do transporte clandestino e o aumento das gratuidades. Atualmente transportamos cerca de dez mil passageiros a menos por dia, tendo que manter a frota cumprindo os mesmos horários de sempre, salvo algumas exceções.

A título de exemplos, vejamos:
● na Linha Eldorado/Centro, a empresa atende com veículos a cada 10 minutos e 08 minutos no horário de “pico”; atualmente existem mais de 50 veículos clandestinos.
● Na linha Ururaí/Centro, atendemos com veículos a cada 12 minutos e 10 minutos no horário de “pico”; atualmente existe mais de 30 veículos clandestinos.
● Na linha Guarus/Centro, atendemos com veículos a cada 10 minutos; atualmente existe mais de 20 veiculos clandestinos.
● Na linha de Goytacazes, atendemos com veículos a cada 07 minutos; atualmente existe mais de 60 veículos clandestinos.
● Na linha Centro/Pecuária, atendemos com veículos a cada 09 minutos; atualmente existe cerca de 18 veículos clandestinos.
● Na linha Penha, atendemos com veículos a cada 09 minutos; atualmente existem 20 veículos clandestinos.
● A linha do Jardim Carioca/Centro, estava sendo atendida por 04 veículos, com intervalos de 15 minutos, mesmo assim, houve a invasão de mais de 40 veículos clandestinos, e a empresa foi obrigada a retirar três dos seus veículos para diminuir os prejuizos.
● A linha Rodoviária/Lagoa de Cima/Imbé, transporta por dia 400 passageiros de gratuidade e 80 pagantes, em um total de 450 quilômetros/dia, e muitos moradores destas localidades colocam mercadorias e caixas com peixes nos ônibus, além dos seus filhos que são estudantes e viajam gratuitamente, enquanto os mesmos viajam nos carros clandestinos para a cidade.

Nossos horários são rigorosamente controlados pelos despachantes, mas sofrem interferências constantes pela falta de fluidez do sistema viário do município, como retenções nas poucas vias de acesso, por exemplo, a Av. 28 de Março, Av. Visconde do Rio Branco (Beira Valão), Av. Rui Barbosa e BR 101 em Guarus. Independente dos problemas com as pontes, este sempre foi um martírio para quem utiliza estes caminhos em horários de tráfego intenso.

A eficácia do transporte coletivo, no tangente a liberação do fluxo viário, pode ser dimensionada por um cálculo simples; um ônibus transporta um número de passageiros equivalente ao que sete kombis ou vinte carros de passeio transportam.

“O aumento significativo do número de veículos licenciados na cidade e o uso do gás em veículos com maior tempo de uso, que antes só circulavam nos finais de semana...”; não se deve a “péssima oferta de transporte público coletivo”.

Enquanto as empresa regulares sofrem com o rigor da fiscalização e os altos tributos, os clandestinos “entopem” as ruas com VANS, KOMBIS E CARROS DE PASSEIO, sem qualquer exigências, seja segurança do veículo, treinamento dos condutores ou qualquer outro item normal, para garantia e segurança do usuário. Além de trafegarem com veículos sem pagamento de licenciamento, seguro nem multas, sem qualquer documento, ou veículos com mandado de busca e apreensão e até roubados e clonados.


Se existisse um depósito público para apreensão de veículos irregulares, com certeza as ruas estariam mais livres, mas as autoridades têm se esquivado desta atribuição, sob várias alegações absurdas. Pese ainda, que já oferecemos até local e estrutura para isto, sob forma de doação.

A PMCG não paga a verba que foi votada desde 2003 e aprovada na CÂMARA DE VEREADORES, para ajudar as empresas a custearem a gratuidade dos alunos da rede PÚBLICA.

As empresas, transportam mais de 55% de seus passageiros gratuitamente por dia, sem nenhum subsidio para compensação.

Diante desta situação, as empresas são obrigadas a demitir funcionários, atrasar o pagamento de compromissos e fica sem ter condições de fazer a renovação de frota.

Mesmo com as condições adversas, a VIAÇÃO TAMANDARÉ LTDA, se esforça ao máximo para atender bem a nossa querida população, valendo, portanto, os esclarecimentos acima, a fim de que se possa fazer jornalismo com clareza e conhecimento de causa".

Cordialmente,

Viação Tamandaré Ltda
Sérgio Belém de Morais
Diretor

4 comentários:

Unknown disse...

Transporte público, uma solução comum que favorece a maioria. Vejam o que estão fazendo para melhorar o nosso sistema de transporte público. www.onibusrecife.com.br

Toninho disse...

Muito boas as colocações do sr. Belém. Cabe ao poder público fiscalizar e retirar definitivamente os "bandalheiros" das vans que enfeiam a cidade com seus carros mau cuidados, sua maneira vulgar de chamar passageiros, além de serem agressivos no trânsito, desrespeitadores das leis, etc. etc..

cesarengdigital disse...

Essa bandalheira só existe aqui em Campos. Cidade de maus administradores, é um absurdo descabido conviver dentro de uma situação de total desreipeito as leis e o estandarte da corrupção flamulando ao topo do mastro.

Unknown disse...

Tenho observado que a Prefeita está apoiando essa bagunça. Logo ela que solicitou apoio da polícia em uma grande operação no início do ano para retirar as vans de circulação. Agora estamos vendo as vans prestando serviços para as empresas de ônibus. E onde está o processo licitatório para o Programa Cidadão? Quem fez os bus door que estão nos ônibus? Será que as empresas estão doando para a podre Prefeitura, que somente recebeu R$ 198 milhões...como são bacanas. E o povo que sofre.