Bruno Lindolfo
Universitário de Direito
Na época ainda era "Tia" Arlete. Faz tempo, um tempo saudoso de uma escola da qual guardo apenas coisas boas de pessoas maravilhosas. Se não me engano, era de sua autoria a singela musiquinha que nos ensinava a verdade como talismã, acompanhada de palmas e estalos dos dedos, que não consigo estalar até hoje. Mas o talismã ficou, e em nome dele me sinto à vontade para fazer algumas observações, com esperança, alegria e amor na certeza do sucesso do amanhã, para que ele seja, também para nossa Campos, a consubstanciação de um sonho que se fez.
Foi com grande pesar e tristeza que recebi a notícia da adesão da professora Arlete ao governo que entrará para a história da cidade como o mais corrupto, cínico e dissimulado. Convites travestidos de "vontade de acertar" ao apagar das luzes de um governo que propositalmente locupletou-se nos erros é querer o verniz da vergonha alheia para quem sabe salvar do soçobro o combalido e moribundo (des)governo que naufraga.
Não se questiona a competência e a vontade de acertar da professora Arlete. Questiona-se o tempo, que não é hábil para desenvolver qualquer projeto, e a adesão a quem escolheu desde sempre o caminho tortuoso da imoralidade, emprestando um brilhantismo galgado por conta própria, a servir de esteio ético e moral a quem nunca os teve, nem ao menos como artigo de luxo.
O momento sem precedentes da história do município só demonstra o erro cometido há 20 anos e que necessita de urgente reparo. Um mesmo grupo que hoje fragmentado, mas unido pelos laços genéticos da politicagem por congregar os mesmos vícios imanentes. Urge colocá-los para fora, na construção de um projeto sério, comprometido com a ética no trato da coisa pública e a com grandeza que a cidade possibilita por sua infinidade de recursos.
Esse é o momento de unirmos as pessoas de bem da cidade, como a professora Arlete, para pensarmos um projeto novo, um novo caminho, uma nova ordem; não é o momento para socorrer quem não merece e insistir nos mesmos erros infinitamente.
Lastimável e lamentável o silêncio da academia durante tantos anos e em face de tantos desmandos, e um lampejo de ação tardio, inapropriado e em momento inoportuno. Melhor seria permanecer silente.
Crítica extensiva aos demais grupos da sociedade civil organizada e, também, à Igreja que, como a academia, há muito dissociou corpo e espírito, cuidando desse e esquecendo que aquele também sofre os augúrios terrenos, afastaram-se do púlpito, esqueceram de prelecionar o pecado do roubo e foram tomados pela letargia cômoda que pode conduzir a qualquer lugar, exceto à imortalidade.
Constrói-se, assim, a conjuntura que permanecerá segregando os mortais da academia, esses que estudam nas escolas com os piores índices de educação do estado, convivem com os piores índices de geração de emprego, os piores índices de capacitação, os piores índices de IDH, da falta de planejamento urbano, administrativo, industrial, da carência de pólo de trabalho, da eterna e promíscua dependência do poder público, deitados em berço esplêndido e embalados ao som tilintante de 1 bi e meio.
Campos merece mais, e a professora Arlete também.
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