segunda-feira, outubro 27, 2008

Pré e pós de uma vitória anunciada

Falar da política campista carece cada dia mais de novidades e parece redundante. Constantemente a sensação que se tem é de bradar aos ventos. Relendo o artigo escrito em Fevereiro deste ano, denominado “A consonância dos males na política Goitacá”, mas que analisava um pouco do passado recente dos governos que se sucederam no poder em Campos, a conturbada eleição de 2004 e o que representava até então o governo Mocaiber, essa sensação de história já vista é relembrada, incomodamente.

Há, ainda, no mesmo artigo, um prognóstico que pouco surpreende quando materializa-se na eleição de Rosinha: a não revisão dos erros e a necessidade de adoção de uma nova prática política, a qual alçou o ainda grupo governante ao poder, custaria sua reeleição ou daquele por ele apoiado.

Em meio à falsa polarização dos grupos que hegemonizam a política de Campos e a constante sensação de coisa vista, cresce um fenômeno desprezado, porém primordial na definição do atual pleito. É a vontade de mudança, do novo, que é inversamente proporcional ao arrefecimento do Muda Campos, que delinqüiu de seu intento com o passar dos anos. Ela está aí e é percebida no aumento dos votos nulos, brancos e no capital político que, embora virtual, conseguem ganhar as candidaturas pequenas, de nomes desconhecidos da população, com poucos recursos e tempo de TV.

Não é necessário nomear os que se furtaram em propor essa alternativa, esse assunto já foi repisado à exaustão e todos sabemos os nomes dos bois e os motivos que os levaram ao atoleiro.

Não necessariamente o novo viria para vencer a eleição, mas para demarcar posição, arregimentar pessoas e engrandecer o debate eleitoral, elevar o nível das propostas, fazer com que os adversários, principalmente os hegemônicos, se sentissem obrigados a elevar o nível de seus discursos, refazendo suas promessas e projetos de campanha.

Todos esses fatores foram essenciais na vitória de Rosinha. Não é demérito, pelo contrário, a candidata sabiamente percebeu o nicho que lhe permitiria triunfar politicamente e lançou-se como a mudança.

Conduziu com esmero a campanha, preocupando-se em ouvir a população previamente para traçar sua estratégia de campanha. Construiu uma plataforma de projetos simples, até simplória se considerarmos as possibilidades financeiras da cidade, porém confrontou um candidato despreparado e confiante apenas na teia de favores que construíra e lhe garantira, desde então, respaldo político.

Ledo e desastroso engano que só tornou ainda mais previsível a vitória de Rosinha. Afinal, a história nos mostra que toda liderança política construída por valores pouco republicanos e ortodoxos, cedo ou tarde, cobra seu preço, sempre danoso.

Todos os fatores levam a crer que o governo Rosinha será um bom governo, talvez esse seja mais um desejo e menos a expressão de uma futura realidade. Talvez. Mas, a vida política da família megalômana, sempre buscando vôos políticos maiores, e messiânica, que entende administração pública como missão, acaba servindo como contrapeso e contraponto de suas próprias atuações políticas, principalmente em tempos onde a moral política anda baixa e esgarçada e os olhos da grande mídia estão sempre vigilantes.

Há ainda o fator da oxigenação na máquina pública, a troca das peças promovida pela alternância no poder permite que a engrenagem trabalhe, em regra, melhor.

Por último, há o amadurecimento político e cidadão, também possibilitado pela alternância no poder. Anos de desmandos e impunidade sedimentados pela anuência da reeleição não foram danosos apenas ao erário, mas à formação moral do cidadão, pois desvirtuaram os valores de boa parte da população. Esses ultrapassaram a escala “involutiva” do velho chavão “todo político é igual” e, se não bastasse esconderem suas deficiência de caráter sob essa proposição equivocada, passaram a tripudiar daqueles que preferem trilhar seus caminhos sem atalhos, contratos ilegais, bolsas de estudo sem razão e toda sorte de troca de favores para levar vantagem.

Acompanhemos de perto o trabalho da nova prefeita, se ela cumprirá com o prometido, se o secretariado nomeado condiz com a proposta de mudança que fora mote de sua campanha. Acompanhemos a postura daqueles que outrora jogavam pedras, se manterão a linha crítica ou mudarão de postura. Acompanhemos os vereadores e a consistência de cada um. Acompanhemos os meios de comunicação, alguns já começaram a demonstrar seu cinismo. Os acertos devem ser aplaudidos e reconhecidos os erros que ajudem a reforçar a tese de que, definitivamente, Campos e nós merecemos mais.

Um comentário:

Marcos Mendes Pontevedra disse...

CARÍSSIMO AMIGO, BRUNO.

EM SEU ARTIGO "PRÉ E PÓS DE UMA VITÓRIA ANUNCIADA", PERCEBEMOS UMA LINGUAGEM RICA E DE GRANDE VALOR PARA OS LEITORES DO BLOG. É A VOZ DO POVO CAMPISTA. VOCÊ. CONSEGUE TRADUZIR OS ANSEIOS DA POPULAÇÃO E, AO MESMO TEMPO,NOS FAZENDO REFLETIR OS RISCOS QUE AINDA CORREMOS, NA CONFIANÇA DEPOSITADA NA ROSINHA. AFINAL, NÃO DESEJAMOS CONTINUAR NA PENUMBRA, NAS DECISÕES PÁLIDAS E INSUFICENTES DE UM TAL CRESCIMENTO POLÍTICO-ADMINISTRATIVO. VAMOS ACREDITAR NO GOVERNO ROSINHA. PRECISAMOS!
SAUDAÇÕES,ABRAÇOS.
MARCOS MENDES (SETT VÍDEO)