sexta-feira, março 24, 2006

Calvário da democracia


Luiz Felipe Muniz de Souza
Advogado, ecologista, terapeuta, psicopedagogo
lfmunizz@gmail.com
23/03/2006

Nos últimos anos por aqui não temos feito outra coisa a não ser assistirmos a uma contínua ruína institucional, política e ambiental desta magnífica e outrora promissora região norte-fluminense.

Desde tempos atrás, quando a eletricidade nos brindou em primeiro lugar e nossos rios eram ricos em pescado e águas da melhor qualidade, que as decisões das instituições públicas não contrariam os interesses dos instalados no poder estatal, porém nada se compara com os dias de hoje.

Para nós, cidadãos e cidadãs campistas, os endinheirados pelo petróleo que jorra, não há licitação nem há obras, tudo por decreto e empreitada do rei da província, quem puder, quiser e não se satisfizer com o resultado do pleito, que entre com a popular. Aos milhões de reais os peões do legislativo se protegem como podem nas asas da rainha das 10.000 obras suspeitas. No jogo da política partidária não há xadrez só freguês!

Se antes as enganações não nos tolhiam as festas regionais originais e nem nos tornavam sonâmbulos sem sonhos, mesmo que famintos, hoje somos todos tragados e agredidos, querendo você ou não, por uma certa aberração falaciosa anti-ética e arrogante em praticamente todos os cenários e segmentos institucionais – educação, política, saúde, meio ambiente, justiça, etc – que partindo daqui chegou ao Estado, sem antes deixar pelo caminho suas sementes gloriosas, que como ervas brotaram em profusão jamais registrada na história recente deste município, quiçá deste Estado.

Agora no delicado tapete das convenções partidárias nacionais o vale-tudo não se pré-ocupa com as cortinas e véus, com as suas próprias mãos e palavras, paira no ar a convicção da vitória do que gritar primeiro e inflar as galerias e galeras desocupadas contra o paredão, aquele que separa a plebe berrante e numerosa, dos engravatados e polidos veteranos encastelados nas certezas e nas glórias de outrora.

O menino rapa tudo com habilidade fulminante e acumula para si a experiência de velhas raposas arrependidas, cria tormentas inesperadas, sai ileso e entra glorioso quando quiser, e, como náufrago bem treinado, exibe tom sinistro em riso debochado na direção do “superior tribunal”; vejam bem onde estamos chegando, ou será que já estávamos lá?!

A maioria de nós assiste, no incômodo de sua poltrona, o triunfo da crise e a ruína da política partidária, que hoje se pratica no Brasil e em particular em Campos dos Goytacazes. Não creio haver dúvidas com relação ao insucesso deste modelo perverso, mas tenho uma forte intuição de que antes do seu fim, todos seremos tentados e convocados – tardia e desesperadamente –, pela força da natureza, para evitar que o caos veloz se instale de vez por aqui e acolá. Será? Veremos!

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