quinta-feira, novembro 30, 2006

Nosso lema é sofrer, sofrer?

Fábio Siqueira
Historiador e professor
e-mail:
fabiogsiqueira@ig.com.br

Aqui estamos nós de novo nesse prestigiado blog e, mais uma vez, apesar de não ter a intenção de caracterizar a nossa participação como de articulista esportivo, sou instado pelas circunstâncias a iniciar este texto pelo apaixonante tema do futebol!

Como foi bonito ver nesse blog imagens da grande “vitória” que foi o empate arrancado pelo Goyta na Ilha do Governador no último sábado. Como foi bom, impossibilitado de acompanhar de perto tal feito, sentir nas ruas da cidade a intensa alegria de dezenas de torcedores alvi-anis logo após a “conquista”.

Mas, vem a velha sina de novo e quem diria – coisas do futebol – o antigo algoz é paradoxalmente lembrado como garantia da efetivação da conquista. Mas ele agora é saudade. É por isso que o futebol é tão apaixonante, e o livro do Roberto sucesso de antemão. Sobre futebol e literatura, um parêntese: está na minha lista de leituras um livro de um jornalista escocês cujo título Futebol e Guerra remete à invasão da Ucrânia pela Alemanha nazista nos anos 40, e que trata da saga do glorioso escrete do Dínamo de Kiev neste contexto, vale conferir.

Voltando a realidade do Goyta, o sofrimento me enseja antiga inquietação. Juro que não é ressentimento nem dor de cotovelo. Alguns interlocutores podem confirmar que já fiz, timidamente, este questionamento. Timidamente por saber que suscitaria grande polêmica mesmo reservadamente, como de fato se deu. Pois agora, no calor da paixão, lá vai: qual o papel do MP?

Conheço a resposta formal no cenário institucional brasileiro. Mas essa instituição sempre me preocupou. Não nego seu importante papel em momentos marcantes na história recente do Brasil. Reconheço que têm funcionado como fator de maturidade da democracia brasileira. Mas há, a meu juízo, uma gama grande e imprecisa de atribuições relativas ao MP e uma necessidade de tornar a informação sobre as funções e o funcionamento desta instituição mais acessível aos cidadãos. Além disso, com todo o respeito, o comportamento de alguns procuradores se assemelha ao de um pavão!

Essa mistura de personalismo e concentração de poder, não é à toa que o MP é chamado de Quarto Poder, pode ter sido benéfica em alguns momentos, mas me parece perigosa. Sei o tamanho da provocação que faço aqui mas, não consigo conceber que não haja no contexto sócio-político do RJ algum problema mais relevante que a seletiva para atrair a atenção do MP!

Como conseqüência dessa concentração de poder do MP e da Vênus platinada, estamos nós, de novo, vendo escapar pelos dedos o acesso do Goyta à primeira divisão. Apesar da licença poética no título, no campo de jogo fizemos valer o nosso glorioso hino: VENCEMOS! Quanto aos próximos capítulos desta “novela”, com desfecho previsto para 2008, já serão material para que nosso blogueiro comece a pensar em um segundo volume.

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