quinta-feira, julho 05, 2007

Etanol: a verdade do norte fluminense!!

Luiz Felipe Muniz de Souza
Advogado, psicopedagogo, terapeuta e industriário.

e-mail: lfmunizz@gmail.com
Campos, Julho/2007.


Graças a um jovem e promissor jornalista do “O Dia” – Diogo Amaral – e os fabulosos avanços da informática, eu fui provocado a tempo para assistir ao Seminário: ETANOL DO NORTE FLUMINENSE AO MERCADO GLOBAL – já havia me esquecido – no último dia 26/06/07. Acabei assistindo na íntegra pela internet, que maravilha!

Acredito que a realidade dos avanços tecnológicos na área da informação e comunicação está promovendo uma revolução mais real do que muitos de nós poderíamos supor. Tudo parece avançar numa dinâmica incomum para os olhos dos “fluminenses” mais ao norte.

Este seminário, na minha humilde opinião, foi um divisor de águas! A simultaneidade entre o CEFET (Campos dos Goytacazes) e o EDISE (Petrobrás/RJ) numa transmissão em tempo real, com a participação de lideranças de classes e governamentais (nacionais e regionais), sobre os detalhes e desafios burocráticos, técnicos e administrativos da indústria e da lavoura canavieira no Brasil e em particular no Norte-Fluminense, trouxe para todos uma nítida luz e uma atualíssima visão do drama vivido por aqui.

A desenvoltura de representantes dos produtores e industriários do centro-oeste brasileiro e do Estado de São Paulo deixou claro o atual compromisso profissional do setor com o controle real de metas, não só no campo produtivo, mas também nas áreas trabalhistas e sócio-ambientais. Os representantes da Petrobrás foram enfáticos e meticulosos ao tratar dos desafios da produção com responsabilidade social e ambiental, tecendo comentários inclusive sobre o fim das queimadas e utilização das palhas de cana como adubo ou para produção de etanol a partir de celulose.

Durante os comentários sobre o potencial do Norte-Fluminense, um representante da Secretaria Nacional de Indústria ressaltou o importante papel desta região no passado, mas que hoje seria preciso um forte empenho de todos os setores envolvidos para uma mudança de gestão que promova uma real atração dos investidores. Num quadro em que a produção agrícola não consegue atender a demanda já instalada das usinas que operam; onde a produção de cana por hectare é praticamente a metade do que ocorre nas lavouras paulistas; onde o perfil do produtor rural não acolheria as exigências de gestão impostas por um mercado que sinaliza fortemente pela responsabilidade social e ambiental; então somente restaria dizer que o norte-fluminense tem muita lição de casa para cumprir antes de se lançar atrás do dinheiro do investidor.

Representantes do CEFET e da UFF/RJ apresentaram, em detalhes, as dívidas do setor com o meio ambiente e os trabalhadores rurais, apontadas em vários estudos acadêmicos desenvolvidos pelas universidades regionais, mas incrivelmente foram rebatidas pelo Presidente do Sindicato dos Produtores de Cana de Açúcar do NF – e também representante da Firjan – presente no palco do Edise. Segundo ele os produtores rurais, ou como gosta de chamar: “empresários rurais”, praticam na região a responsabilidade social, a responsabilidade ambiental e que esta questão de queimadas, somente com o tempo e o aperfeiçoamento natural da sociedade é que será extinta (???), não entendi, e você??

Praticamente todas as lideranças de classe de nossa região, que tiveram vez e voz no seminário, pediram socorro a Petrobrás, mas sem apresentar nada de concreto, mais uma vez transparece a velha máxima da busca de recursos sem contrapartidas, sem co-responsabilidades, sem convergências setoriais e sem metas claras e definidas previamente. Somente o Mário, é o Mário Concebidas, que aproveitou a oportunidade para espetar a Petrobrás – relembrando uma falsa idéia de que aquela empresa havia lutado contra o Pró-Álcool -, coisas do Mário!! Falou pouco e explicou menos ainda o procedimento de empréstimos, com dinheiro dos royalties do petróleo, para os produtores de cana em Campos dos Goytacazes.

Enfim, se vocês quiserem de fato participar desta revolução no cenário energético mundial, deverão querer aprender, rapidamente, práticas de gestão participativa! Deverão entender o por quê que muitos produtores de cana, ainda hoje, estão transformando em ração as suas lavouras, ao invés de vender para a usina a R$ 10,00 (dez) reais a tonelada! Além, é claro, de aceitar com gentileza e confiança a opinião que não coincidir com aquela do mais puro e genuíno “Capitalismo”, como alguém teria dito também por lá!!

3 comentários:

Angela Marques disse...

Venho observando os debates e questionamentos envolvendo a questão do etanol. Percebendo que esse mercado está cada vez mais promissor e que necessita de investimentos agressivos em pesquisas e desenvolvimentos, como também aprimoramentos tecnológicos. Vejo um posicionamento muito tímido do município de Campos dos Goytacazes na busca de uma colação de destaque nesse mercado.
As projeções são de mais que dobrar a produção do biodiesel até 2013 no Brasil, num pensamento de curto prazo. Para tanto, é preciso uma conscientização urgente do estado de emergência nesta linha de produção paralelo a sustentabilidade ambiental.
Campos dos Goytacazes possui uma colocação histórica na produção canavieira e não poderia ficar fora desse mercado. Parcerias entre Instituições de Ensino, Prefeitura, Fundecana, SEBRAE e outros poderiam viabilizar e fomentar um processo de desenvolvimento econômico e social com o: desenvolvimento de técnicas de produtividade por hectares, aproveitamento da palha e bagaço na linha de produção, desenvolvimento do perfil gerencial para o pequeno produtor especificamente na entre-safra com plantio da soja, desenvolvimento tecnológico das usinas com apoio da incubadora de empresas para maior qualidade do biodiesel e outros processos que nessa cadeia iriam deslanchando.
E nestas linhas avançar num mercado em expansão gerando emprego, renda e desenvolvimento para a região.

Eliana do PAM disse...

Parabéns! Seu texto foi muito importante na minha pesquisa.

evandro disse...

bom dia ao RM e aos leitores.
Em 2006, participei do curso de 180 horas da Unilavras-MG, onde nos foi informado pelos técnicos de SP, que o NF tem a menor produtividade por hectare, causada por má gestão do agronegócio: em especial quanto à escolha de variedades ricas e sacarose e o grau de maturação (precoce, média e tardia)... o que sabem sobre isso ?