“A economia e a administração do mundo terão que ser reavaliadas”
(José Roberto de Oliveira)
Davos se encerra com o resumo, nada surpreendente de que a China ocupa a 4ª colocação na Economia Global e com uma poupança que já ultrapassa US$ 1 trilhão. Se isto fosse uma previsão, há 15 anos seria motivo de riso, pois, até então os doutores de Harvard, Princeton e outras universidades conceituadas em economia e administração diziam que:
1 - A economia chinesa não sobreviveria com a paridade cambial fixa yuan/dólar;
2 - Que os organismos internacionais pressionariam para condições mais humanas de trabalho e menos agressivas ao meio ambiente;
3 - Que a economia chinesa estava sentada em um saco de títulos podres, que assim que resgatados haveria um colapso bancário.
Nada disso se concretizou. Houve sim uma migração de capital de empresas americanas, européias e de outros países da própria Ásia para lá.
Um almoço e uma tarde de bate-papo com um amigo, ex-colega de “república”, que hoje trabalha com validação, ramo cada dia mais crescente na Economia globalizada, e recém chegado da China, que me conta o encanto de um país que está se adequando a um novo tempo e que apesar da ditadura econômica, todos estão conscientes de que é uma nova China e diferente do capitalismo do resto do mundo.
O meu amigo foi verificar as condições de fabricação de uma empresa de equipamentos que vende com 1/3 do preço do mesmo equipamento fabricado na Suíça com idêntica qualidade. Ele também constatou que há bom relacionamento entre diretores, gerentes e operários e não ouviu de nenhum deles qualquer crítica quanto à condução da economia.
De outro lado, questionou o uso da mão-de-obra infantil e obteve como resposta a de que por lá, pelo menos, eles não ficam como pedintes nos sinais.
Há três fatores, completa ele, para o sucesso chinês: capacitação, sistema tributário simples e escala de produção. A capacitação é algo obvio, pois, nenhum país migrou para uma economia com mais distribuição de renda sem educação. O sistema tributário mais simples reduz a corrupção e a sonegação, além de haver uma fiscalização maior da população na utilização dos impostos. Com capacitação e menos tributos, diminuem os preços dos artigos consequentemente há mais mercado e havendo mais mercado, há mais escala e então mais empregos.
Cidades médias na China têm de 4 a 6 milhões de pessoas. Nos últimos cinco anos, 350 milhões de pessoas migraram do campo para as cidades (quase dois Brasis). Esta massa tem que ser alimentada e aquecida num inverno de –35ºC e ter ocupação.
O desencanto do meu amigo com o Brasil ou o encantamento com a China é tão grande que está aprendendo chinês e mandarim e até arrumou uma namorada. Com todo o ritual de apresentação da família pretende se casar. Já ia me esquecendo, a China vive todo este crescimento sem perder o respeito à sua cultura milenar.
Ronaldo Araujo
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